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segunda-feira, janeiro 31, 2005

Eles 

Porque é que a Democracia não é um sistema perfeito? Simples. Por causa dos eleitos. Eles.

01 - Nós nomeamos capitães de equipa;
02 - eles não entendem para quê
03 - mas assumem que foram promovidos
04 - e logo nos tratam como pastores a gado.

05 - Nós escolhemos os da frente do pelotão;
06 - eles ficam loucos com a posição
07 - sentem-se como cavalos poderosos
08 - e logo tomam o freio nos dentes.

09 - Nós designamos representantes;
10 - eles mendigaram os nossos votos
11 - no palanque julgam-se superiores
12 - e logo riem dos imbecis dos representados.

Tem outra razão. Nós realmente nomeamos, escolhemos e designamos, mas só de entre os que se oferecem. Que são os mais fracos.

Resumindo: nós votamos nos maus e eles logo nos acham péssimos - até à próxima campanha eleitoral. Uma tragédia.

Sabia que... ? (005) 

"O tesouro da República tem vindo a encolher nos últimos anos e está já reduzido a 462,2 toneladas, ou seja, praticamente metade das reservas de ouro detidas pelo Estado português na altura do 25 de Abril, há quase 32 anos. Só nos últimos três anos, o Banco de Portugal (BP) vendeu 144 toneladas de lingotes de ouro."

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Metade 

No Memorável de hoje:

- O PSD a saque (A Capital, Lisboa)
- Ouro português reduzido a metade após o 25 de Abril (Público, Lisboa)

domingo, janeiro 30, 2005

Curiosa e atrevida 


O Papa, hoje, em S. Pedro. (foto AP)

É a melhor prova de que Deus Todo Poderoso não existe. Pelo menos o dele. Se existisse, já tinha libertado este homem do sofrimento terreno e já tinha escolhido outro que o representasse no planeta Terra com dignidade. Assim mesmo, preto no branco, sem a camuflagem, o bâton, o pó-de-arroz, a armadura, o colete anti-bala ou o pára-raios dos "insondáveis mistérios divinos".

Karol Józef Wojtyla apresentava-se tão débil esta manhã que muitos crentes devem ter pensado que a pomba era o Espírito Santo que vinha buscar a sua alma. Não era, ele ainda está vivo.

Também não era o terceiro elemento da Santíssima Trindade a inspirar João Paulo II, pois ele já pouco falou e o que disse não se entendeu.

Era só uma pomba fora da rota, curiosa e atrevida. Linda.

Sabia que...? (004) 

"A campanha de Santana Lopes começa a merecer algum interesse pela sua própria extravagância. Como trata dele, e só dele, acabou por se tornar num romance de aeroporto sobre a loucura e queda de um político."

Confirme aqui.

Cinco 

As informações disponíveis neste momento permitem concluir que mais de 60% dos iraquianos foram hoje às urnas. Neste acontecimento histórico, cinco verdades para a História:

- o povo do Iraque, curdos e xiitas à frente, deu uma lição ao Mundo em geral, especialmente aos altermundialistas de todas as ideologias e a todas as "individualidades" tão desinteressantes como Chirac, Kofi Annan, Hugo Chávez, Lula da Silva, Rodriguez Zapatero, Fidel Castro, Mário Soares, Freitas do Amaral, Francisco Louçã;
- George W. Bush somou mais uma extraordinária vitória, pode sorrir com a satisfação do dever cumprido e merece agradecimentos pela coragem e pelos sacrifícios do seu povo;
- praticamente todos os órgãos de comunicação social sofreram mais uma estrondosa derrota e voltaram a confirmar que a informação que divulgam não é credível, salvo raríssimas excepções;
- a maioria dos jornalistas ignorava que os atentados têm ocorrido em apenas 4 das 18 províncias do Iraque, ou pretendia deliberadamente fazer crer que todo o país estava na mão dos terroristas;
- ficou claro que o Iraque não é o Vietname.

Primeiras críticas 

No Memorável de hoje:

- La "Eurovisión" de los cocineros (ABC, Madrid)
- La Comisión Europea de Durao Barroso afronta sus primeras críticas (ABC, Madrid)
- La Chine, star de Davos (Le Soir, Bruxelas)
- Santana contra mundis por Vasco Pulido Valente (Público, Lisboa)

sábado, janeiro 29, 2005

Para a mãe 


Margaridas. Todas


As margaridas do mundo


Para a mãe da Margarida.

Sabia que...? (003) 

"Apesar de ser natural que Bagão Félix agisse por motivações políticas, já que Freitas entrou anteontem na campanha para apoiar o PS, a verdade é que o professor de Direito não pode querer ser ao mesmo tempo "jurisconsulto independente", desempenhar cargos numa empresa do Estado, ser "senador" da República e ter uma intervenção política de peso. Se, como jurisconsulto, pensa mesmo que o que o Governo fez com o fundo de pensões da CGD é inconstitucional, então devia pedir a demissão do cargo que ocupa e depois dar os pareceres que entendesse."

Confirme aqui.

PSD, PS... e PRD 

Lê-se no Abrupto:

"Seria mau para Portugal que Santana Lopes voltasse a ser Primeiro-ministro, mas seria péssimo que o PSD perdesse o seu papel único no sistema político português. Continuo a pensar que, após a ultrapassagem deste epifenómeno, que não será fácil nem pacífica, o PSD pode reencontrar o seu papel de único partido por onde passam (e passaram) todas as reformas que Portugal precisa."

Palavra de militante. De fé.

Sem consistência. Sem base de sustentação. Sem pilares. Assente em areia. Na verdade, aquele "papel único" de "único partido por onde passam (e passaram) todas as reformas que Portugal precisa" pode perfeitamente ser desempenhado pelo irmão social democrata mais velho, o PS - do qual, hoje, o PSD só se distingue por ser mais novo e não brincar com a mesma bola. Nada de essencial. A deles é cor de rosa e a destes é cor de laranja.

O PSD, sem espaço ideológico entre o PS e o CDS e com liderança fraca, tem o destino traçado: vai acabar como o PRD de Hermínio Martinho e de Ramalho Eanes. É uma questão de tempo e de mais uma ou duas eleições.

Aliás, se fosse um partido de futuro para os seus potenciais líderes fortes, Santana Lopes já não estava na presidência. Tão evidente como se estivesse escrito com letras gordas num livro aberto.

Um dia 

No Memorável de hoje:

- O caminho para Auschwitz por Vasco Pulido Valente (Público, Lisboa)
- Um dia de campanha (Público, Lisboa)
- Les deuxs "projets" européens por Valéry Giscard d'Estaing (Le Figaro, Paris)
- Rayonnement ultraviolet dans la nuit martienne (Le Monde, Paris)

sexta-feira, janeiro 28, 2005

Falta 

A visita do Primeiro Ministro da Guiné-Bissau a Cuba teve honras de primeira página no jornal Granma durante três dias consecutivos. (os textos podem ser lidos em Senegâmbia)

Digamos que há falta de notícias no país de Fidel Castro. Ou falta de visitantes, descontados os turistas.

Doutor-padre-curandeiro 


(EPA)
Na vinha coberta de neve, sob temperatura negativa, há um homem que sofre com as videiras - acariciando uma ao seu jeito de vinhateiro. As plantas hibernavam, correm risco de vida, e só quem nunca entrou numa floresta verde de parras, em Setembro, pode ser insensível à dor daquele doutor-padre-curandeiro.

Passou-se perto de Estrasburgo, esta tarde.

Sabia que...? (002) 

"Porque afinal quem são os senhores do Bloco? São uma centena de intelectuais de Lisboa e do Porto, com um eleitorado de classe média urbana, que subiram à custa de imaginárias rupturas com a moral tradicional, de um radicalismo inteiramente retórico e de um certo talento para a televisão. Nada disto é de esquerda e nada disto lhes permite falar em nome dos trabalhadores ou, de resto, de quem quer que seja. Não representam mais do que uma difusa repugnância pelo regime e as banalidades da moda ideológica do tempo."

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Higiene 

No Memorável de hoje:

- Uma personagem de romance (A Capital, Lisboa)
- O exterminador (Jornal de Negócios, Lisboa)
- Higiene política por Vasco Pulido Valente (Público, Lisboa)
- Responsabilidade Fiscal e Sex Shop por José Sarney (Jornal do Brasil, Rio)

quinta-feira, janeiro 27, 2005

Cego, mudo, surdo e coxo 

O Instituto de Cinema, Audiovisual e Multimédia (ICAM) de Portugal ofereceu hoje ao Instituto Nacional de Cinema (INC) da Guiné-Bissau equipamento digital para equipar uma sala de cinema, material orçado em cerca de 5 mil euros.

Foi mais uma bem intencionada acção de cooperação.

Problema é que a Guiné-Bissau não tem uma única sala de cinema. Tê-la-á, mas "falta saber quando", ironizou o próprio presidente do INC guineense, Carlos Vaz. Que sublinhou que as "salas" existentes no seu país são "meras barracas" em que se liga um vídeo e se projecta o filme na parede. Literalmente.

Assim vai a cooperação portuguesa. Com coração e hipertensão; mas inútil, doente, ridícula e fracassada. Dinheiro para o lixo, lá e cá.

Também se pode falar em exemplo de arrogância e de incompetência do dador. Por não se ter informado - humilde e previamente - da situação e das necessidades reais do receptor. Fazendo, assim, do jeito de quem despacha para um cego uma colecção de filmes em dvd, para um mudo um microfone e um gravador, para um surdo um telemóvel, ou para um coxo uma bola de futebol.

Sabia que...? (001) 

Cómo pudo pasar todo esto en la civilizada Europa y en la cultísima Alemania, a la vista de todo el mundo? Ello es lo más inquietante. En el mundo se cometen muchas barbaridades, antes y ahora. Pero para sacar lecciones de lo que Auschwitz representa debemos meditar la aguda observación de George Steiner: "Los hombres pueden leer a Goethe o a Rilke por la tarde, interpretar a Bach o a Schubert por la noche e ir a la mañana siguiente a su trabajo diario en un campo de concentración".

Confirme aqui.

Auschwitz 

No Memorável de hoje:

- Sharon evoca la indiferencia aliada ante el holocausto (La Vanguardia, Barcelona)
- Kaddish en Auschwitz (ABC, Madrid)
- Auschwitz en el siglo XXI (La Vanguardia, Barcelona)
- Auschwitz, 60 ans après (Le Figaro, Paris)
- Auschwitz: capitalle de la nouvelle Europe (Le Figaro, Paris)
- O testemunho de Zalmon Gradowski (Le Temps, Genève)
- Discurso de Silvan Shalom na ONU (Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel)

quarta-feira, janeiro 26, 2005

Lago Leman 


Genève, margem do lago Leman: os fios telefónicos parecem decorações de Natal e os bancos públicos estavam esta tarde como se vê. Saudade do local e um lamento bem cá do fundo por nunca ter passeado na cidade com tanta neve assim.

Também 


Museu de Auschwitz, 60 anos depois da libertação do campo de extermínio de judeus - homens, mulheres e crianças - que amanhã se comemora. É também em homenagem a estes mortos inocentes, e também com eles na memória, que Israel luta pela liberdade.

Pode ser lido aqui o testemunho do preso 4427, Wladyslaw Bartoszewski, publicado hoje.

Vinhas da mentira 

O programa eleitoral do PSD tem 104 páginas; o do PS 160. Em tanta página, é como nas vinhas da mentira: muita parra e pouca uva. E, na uva, muita grainha e pouco sumo. Além de nada de essencial que não devesse ter sido feito há 10 ou 15 anos atrás.

Já é demais, mas há mais: está claro, nos próprios textos, que são compridos pela simples razão de que os partidos não souberam fazê-los curtos. Não é jogo de palavras.

É uma foto de alta definição de um dos verdadeiros problemas do país: os candidatos a governantes perdem-se na ramagem e não conseguem elencar, preto no branco, 10 grandes medidas de governo para os próximos 4 anos. Como faria um Conselho de Administração de um grande grupo económico - cujos assessores as escreveriam em duas folhas A4, com letra grande e parágrafos curtos.

Por exemplo: não são precisas centenas e centenas de palavras com teorias sobre política externa, de defesa, segurança, aliados, tropas, para nada se escrever sobre se a GNR vai ou não vai acompanhar os americanos no Iraque durante os próximos dois anos, ou se vão outros para a Bósnia ou para Timor. Basta que se diga: por falta de dinheiro, não há missões das forças militares e militarizadas no exterior.

Outro: não é preciso muito paleio sobre as finanças locais. Basta que se escreva que os municípios não podem pedir dinheiro emprestado em nenhuma circunstância, devendo viver exclusivamente dos impostos que recebem.

Mas não faz mal. Devem contar-se pelos dedos das mãos os eleitores que vão ler com atenção os dois documentos. Os outros 9 999 990 não são burros - apesar de, alguns, iletrados - e sabem de experiência vivida que os programas eleitorais não são para cumprir. A não ser por acidente. Como, numa daquelas vinhas da mentira, um passante - tipo ministro - localizar um cacho ao primeiro golpe de vista.

"... c'était l'indifférence des gens" 

No Memorável de hoje:

- Ganhos de produtividade por Vasco Graça Moura (Diário de Notícias, Lisboa)
- "Chelmno, Belzec, Treblinka et Auschwitz font désormais partie de l'histoire allemande" (Le Temps, Genève)
- "A mes yeux, le phénomène le plus lamentable, c'était l'indifférence des gens" (Le Temps, Genève)

terça-feira, janeiro 25, 2005

Beleza da neve... 


Berlim, escadaria do Reichstag, hoje

Davos, Suiça, hoje

San Sebastien, praia, hoje

Outra praia em Espanha, hoje

Bierset, Bélgica, hoje

Adiado o encontro Mons-Anderlecht, hoje

Por cá, ainda não é desta que ela vai cair - apesar dos 0º graus que se fazem sentir lá fora. Não há nuvens.

... e Balada da neve 

Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.

É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...

Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.

Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria...
- Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!

Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho...

Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança...

E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!...

Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!...

E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
- e cai no meu coração.

(Augusto Gil, 1873-1929, Portugal
in "Luar de Janeiro")
de Cancioneirando

Azar 

Lê-se na primeira página da "Capital" de hoje:

"A contagem decrescente para uma verdadeira catástrofe mundial já começou. O aquecimento global ameaça o planeta Terra se a humanidade não acordar rapidamente para as consequências dos seus hábitos. Dentro de uma década não haverá mais caminho de volta. Hoje, é divulgado um relatório assustador sobre o problema (...)"

Coitados. Tiveram azar. Europa e Estados Unidos estão sob vagas de frio de que não há memória nos últimos anos - as quais já duram há cerca de uma semana e, segundo as previsões, vão estender-se por mais uns dias.

Outra coisa: não há, naquele texto, uma única afirmação que possa ser provada.

Outra coisa ainda: a linguagem utilizada dá para entender que já relegaram para um plano terciário a catástrofe, esta verdadeira, provocada pelo maremoto da Indonésia - perto de 300 mil mortos e muitos quilómetros quadrados de bens destruídos. Ou, então, não conhecem o valor dos números nem o que querem dizer as palavras. Como miúdos que não fizeram a tabuada nem preencheram o caderninho dos significados. O que - evidentemente - é muito mau em candidatos a cientistas e péssimo em "especialistas" em Ciências do Ambiente. Além de militantes anti-globalização e oficiais anti-Bush.

Tem mais uma coisa: esta gente ignora - por não saber como contrariar - que há cientistas que garantem que o fenómeno do "aquecimento global" tem muitissimo pouco a ver com a actividade humana. Ponto final.

A Índia 

No Memorável de hoje:

- A indústria alemã ganhou com a 2ª Grande Guerra (Deutsche Welle)
- L'ONU salue les juifs (Le Soir, Bruxelas)
- Coluna de Marcia Peltier (Jornal do Brasil, Rio)
- Califican de ilegales las elecciones en Iraq (Granma, Havana)
- Falta de hormônio prejudica mulher no volante, diz estudo (BBC Brasil)
- L'Inde, futur géant de la biotechnologie (Le Temps, Genève)

segunda-feira, janeiro 24, 2005

Las amenazas 

No Memorável de hoje:

- Na guerra, como nos jogos de computador (BBC Brasil)
- Google ou l'innovation perpétuelle (Le Temps, Genève)
- Las amenazas de Zarqaui (ABC, Madrid)

domingo, janeiro 23, 2005

Bordalo 


"Zé Povinho" e "A Política: a Grande Porca"

Dizia: "Nunca cursei academias. Tenho o curso da Rua do Ouvidor...Cinco anos. Canto de ouvido."

E canta com muito bom som - o som puro, cristalino, das nascentes que, na política, são as ruas - ouvindo-se as suas melodias com prazer nestes dias e certamente nos próximos. Pelo menos.

Rafael Bordalo Pinheiro morreu faz hoje 100 anos. E ainda vive, passado tão longo século, noutra forma de vida. Então para ele um "Vive!", um "Vivo"! e três "Viva!", que tamanha longevidade é muito difícil!

(apesar de que teria sido muito melhor que ele tivesse acabado de vez; era sinal de que já não era cá preciso.)

Perigoso 

No Memorável de hoje:

- La ola de frío se cierne sobre la Península (La Vanguardia, Barcelona)
- O homem é perigoso por Vasco Pulido Valente (Público, Lisboa)

sábado, janeiro 22, 2005

Equívoco 

Lendo as "Declarações de Princípios" do Partido Socialista e do Partido Social Democrata fica-se com a certeza de que, para além do palavreado e dos floreados verbais, nada separa as duas organizações ideologicamente.

Assim sendo, e como os dois arrecadam cerca de 80% dos votos - repartidos mais ou menos pela metade - das duas uma: ou os portugueses andam equivocados ou Portugal é um equívoco.

Mas deixemos as profundezas e olhemos a espuma à superfície. Constatando, simplesmente, que a esmagadora maioria dos eleitores não vota pela ideologia, nem quer saber de que é o pensamento que comanda a acção, muito menos que é dos ideais que brotam as ideias.

Ser do PS ou do PSD é como ser do Benfica ou do Sporting, ou do Sporting ou do Benfica. Distingue os militantes e simpatizantes: o objecto da paixão, os jogadores, o treinador, os dirigentes, as claques e as cores do equipamento.

Não há ciência, não há lógica, não há razão. É tudo futebol, como no futebol.

Nota: a "Declaração de Princípios" incluída pelo PSD no Manifesto Eleitoral (procurar na coluna da esquerda) não é a mesma que este partido divulga na Página Oficial (selecionar "O que pretendemos" e a seguir "Princípios Programáticos").
Percebe-se porquê. Não é que o partido não tenha princípios; tem. Mas são tão gerais, incaracterísticos, vagos, comuns e maleáveis que o texto pode ser moldado ao sabor de cada circunstância.

Einstein, 100 anos depois 





"Ponha a mão em cima de um fogão, e um minuto parece durar uma hora. Sente-se junto de uma rapariga bonita, e uma hora parece durar um minuto. É isto a relatividade!". Foi assim - tão simples e claro - que falou Albert Einstein.

Em 1905 publicou 5 trabalhos científicos que revolucionaram o Mundo. E foi para comemorar este "annus mirabilis" que a ONU consagrou 2005 como a Ano Internacional da Física. Em homenagem ao homem que teve dentro do seu crâneo - há 100 anos - o cérebro mais poderoso da História da Humanidade. Acima do de Leonardo Da Vinci.

Na edição de hoje do jornal "Le Temps" de Genève pode ser lida muita informação sobre a vida e a obra deste génio, a qual fica arquivada no "Memorável".
- Einstein 100 ans après: le fabuleux héritage
- De la théorie à la pratique: ces applications qui ont transformé nos vies
- Trois découvertes capitales à l'épreuve des faits
- «Sa démarche a été philosophique»

Lluvias, ríos...  

No Memorável de hoje:

- Decadência soviética (Jornal de Negócios, Lisboa)
- Ascensão e queda por Vasco Pulido Valente (Público, Lisboa)
- Titan, petite soeur (Le Soir, Bruxelas)
- Lluvias, ríos y manantiales de metano líquido moldean el gélido paisaje de Titán (ABC, Madrid)
- Einstein 100 ans après: le fabuleux héritage (Le Temps, Genève)
- De la théorie à la pratique: ces applications qui ont transformé nos vies Le Temps, Genève)
- Trois découvertes capitales à l'épreuve des faits (Le Temps, Genève)
- «Sa démarche a été philosophique» (Le Temps, Genève)

sexta-feira, janeiro 21, 2005

O bom aluno 

No Memorável de hoje:

- Controverse sur les plus anciennes traces de vie (Le Figaro, Paris)
- Bush desfía a todas las tiranías (La Vanguardia, Barcelona)
- Opportunity descubre un meteorito en Marte (ABC, Madrid)
- O bom aluno por Vasco Pulido Valente (Público, Lisboa)
- Esta Lei Eleitoral deve ir para o lixo (Público, Lisboa)
- Estádios novos não levam mais público ao futebol (Público, Lisboa)

quinta-feira, janeiro 20, 2005

Sinais do atraso - 69 

O roteiro do chefe
O destacado dirigente socialista José Magalhães revelou na SIC Notícias que só teve conhecimento de que a sonda Huygens tinha descido em Titã no próprio dia de tão extraordinário acontecimento na História da Humanidade. E por mero acaso, quando... procurava trica política num blogue.

Mas conhecia o roteiro que o chefe do seu partido iria fazer nos próximos 5 ou 6 dias em campanha eleitoral.

O melhor destino
A cidade é pequena e em todas as ruas - rigorosamente - há já ou um restaurante, ou uma pastelaria, ou um café.

Pois 2 grupos de pequenos investidores não pensaram em melhor destino para as suas poupanças do que o de as aplicar em novo restaurante e nova pastelaria.

A estratégia do comerciante
Determinado comerciante pretende arrendar uma loja sua por um preço exorbitante, muito longe dos praticados no mercado.

Que ele conhece. Mas a ideia do homem é dar o golpe no incauto, utilizando para o efeito argumentos objectivamente falsos - pois esta ainda é a sua estratégia como agente comercial. Aprendeu, e ainda pratica, que o bom comerciante é aquele que consegue enganar mais e melhor o cliente. Assim mesmo: aldrabar, mentir, para vender e ganhar.

Ontem contava, angélico, que o anterior inquilino do seu estabelecimento pagava a mesma exorbitância, saía-se muito bem no negócio, nunca lhe faltou com um pagamento e só desistiu porque casou e foi viver para a terra da mulher. O que ele profundamente lamentava, teve muita pena, custou-lhe imenso, etc.

A verdade é que o desgraçado não aguentava pagar metade da renda, até deixou três meses em atraso e foi impedido pela força de levar os móveis que tinha comprado para equipar a casita.

Não é caso único, o deste mentiroso. Ele pensa como ainda pensam praticamente todos os lojistas do comércio tradicional. É o marketing que têm no sangue.

Megatsunami 

No Memorável de hoje:

- Os senadores por José Pacheco Pereira (Público, Lisboa)
- Festa para Einstein (Jornal do Brasil, Rio)
- Nordeste brasileiro guarda registro de megatsunami (Ambiente Brasil)

quarta-feira, janeiro 19, 2005

Extra 


Em resultado das temperaturas polares que atingiram centro e noroeste dos Estados Unidos e boa parte do Canadá, as cataratas do Niagara estavam ontem rodeadas de toneladas de gelo. Foram registados 20º negativos, o que faz com que as gotículas geradas pela queda da água, de quase 60 metros de altura, se transformem em gelo quase instantaneamente, o qual depois voa para a terra e as árvores próximas.

O frio é muito incómodo, é verdade, mas também está na origem de imagens de beleza extra como esta. Das que nos aquecem por dentro.

Dinamita 

No Memorável de hoje:

- ETA dinamita el Plan de Ibarretxe (ABC, Madrid)
- La verdadera oferta de ETA (ABC, Madrid)

terça-feira, janeiro 18, 2005

Tal como 

Primeiro, que me lembre, foi a treta dos computadores não poderem fazer a colocação dos professores; depois, foi a palermice dos maremoto e tsunami; mais recentemente, foi a invenção da participação portuguesa na Huygens.

Preferia não ter lido aquilo no Abrupto.

Porque os erros de selecção desvalorizam o comentário político do autor. E porque, se houver mais, corremos o risco de vir a assistir ao triste espectáculo de ver JPP a falar para os peixes, tal como o Pe. António Vieira.

Mais sensatos 

1. Santana Lopes diz que, caso vença as eleições, o PSD deixa a carga fiscal inalterada.

2. Paulo Portas defende uma descida de impostos para a classe média, baixa que, segundo ele, será possível com as receitas "daqueles que não pagam".

3. Outros, mais sensatos, defendem que todos os impostos podiam e deviam baixar imediatamente, se o Estado não gastasse dinheiro mal gasto e se poupasse hoje para poder investir amanhã.

4. Por exemplo, combóios de alta velocidade e mais pontes sobre o rio Tejo podiam perfeitamente aguardar até 2015. Pelo menos.

5. Outros exemplos: Presidência da República com 5 funcionários; Assembleia da Repúbica com 20 deputados; Governo com 5 ministros e 5 secretários de Estado; 1 Câmara Municipal por cada 100 mil habitantes; nada de assembleias distritais, municipais, de freguesia e Juntas destas; 1 funcionário público e 1 computador por cada mil habitantes; proibição de mais estradas, estradinhas, avenidas e rotundas nas autarquias; fim do financiamento público dos partidos políticos.

6. Outro ainda: referendos nacionais e regionais regulares, vários todas as semanas e com voto obrigatório, sobre todos os projectos de decisões cujo custo para a comunidade envolva mais do que 1 euro por contribuinte.

Turcos contra UE 

No Memorável de hoje:

- La Policía turca detiene a 176 manifestantes antieuropeístas (ABC, Madrid)
- Las reservas de petróleo probadas cubrirán la demanda durante 50 años (ABC, Madrid)

segunda-feira, janeiro 17, 2005

Na hora da morte 





Em cima: visitantes olham mais de 1300 botas de soldados e mais de 1000 sapatos de civis, alinhados na catedral de Washington - os dos mortos no Iraque.
Em baixo: no porto japonês de Kobé uma mulher lança flores a mais de 6400 almas - às das vítimas do tremor de terra de há 10 anos. (Fotos AFP, de hoje)

Aqui, de Anagarú, outra sentida homenagem a estes que se foram. Uns abatidos por humanos, outros pelas forças da natureza. Iguais no fim, na hora da morte.

Básico 

A construção de um novo aeroporto na Ota, para substituir o de Lisboa, poderá vir a ser uma prioridade no programa eleitoral do Partido Socialista, a fazer fé nas palavras de Alberto Costa, cabeça-de-lista deste partido por Leiria, que critica que este projecto tenha sido colocado na gaveta e defende que a obra deve ser feita.

Este candidato a deputado ainda não entendeu três coisas elementares:

- os muitos milhões que custa o novo aeroporto não devem ser gastos, nomeadamente para manter o défice das contas públicas abaixo dos 3 por cento;
- a obra é um luxo que pode perfeitamente esperar mais de uma década para começar a figurar no património do Estado;
- se a decisão de construir a infraestrutura fosse tomada em 2005, apenas lá para depois de 2015 estaria concluída... pelo que é muito duvidoso que renda 1 único voto no próximo 20 de Fevereiro.

Básico.

Acresce que poupar, ou adiar a compra do brinquedo novo, seria certamente o que o homem faria se o dinheiro lá em casa não chegasse para as contas. E aqui está mais uma coisa que o tipo devia entender, que mexer no dinheiro dos outros - o dos impostos - exige ainda mais competência.

Como os rabos dos cavalos 

No Memorável de hoje:

- Le voile se lève sur le paysage titanien (Le Temps, Genève)
- "Une erreur humaine stupide" (Le Figaro, Paris)
- Como os rabos dos cavalos (Jornal do Brasil, Rio)

domingo, janeiro 16, 2005

Sinais do atraso - 68 

Espaço português
Passados dois dias sobre a chegada da Huygens a Titã, o Portal do Astrónomo continua silencioso sobre o extraordinário feito.

Por seu lado, o Portal da ESA só tem a informação de que a sonda alunou.

É a Astronomia para o espaço português.

Sons do outro mundo 

Captados quando a sonda Huygens rompia a atmosfera de Titã, sons do outro mundo - literalmente - podem ser ouvidos aqui. Também se lá chega por aqui se o trânsito por ali estiver muito intenso.

Sensação semelhante só tive em 1974 ao ouvir sons da guerra em Angola: rajadas disparadas na mata pelos guerrilheiros do MPLA. Na época tais sons também eram de "outro mundo" - geograficamente, de uma África longínqua; emocionalmente, de uma mítica luta da negritude pela liberdade; acusticamente, do instrumento da revolução. Captados e trazidos para Lisboa pelo primeiro jornalista português autorizado a acompanhar as forças independentistas de Agostinho Neto durante alguns dias. Fernando Gaspar. Foi na casa dele, onde a malta ia pedir para sentir aquilo, pasmada pela novidade.

Disse semelhante. Por existir uma diferença na voz de Titã. Nela, ouve-se a esperança de ali existir uma outra forma de vida. Na voz da metralha angolana - como é dolorosa, hoje, a surdez de ontem! - estava o prenúncio da morte de multidões de homens, mulheres e crianças em selvática guerra civil.

La voix de Titan 

No Memorável de hoje:

- Ai, terra do nosso berço! por Vasco Pulido Valente (Público, Lisboa)
- La voix de Titan (Le Soir, Bruxelas)
- Los científicos europeos, «pasmados» por los sonidos y los datos recibidos de Titán (ABC, Madrid)
- Titán, el mundo más parecido a la Tierra (La Vanguardia, Barcelona)

sábado, janeiro 15, 2005

Estúpido 

Não vem a propósito de nada da actualidade - é um pormenor marginal de um trabalho de pesquisa - mas tem a ver directamente com tudo o que se passa aqui no planeta Terra. Grão de poeira - daqueles que estragam toda a engrenagem - que o autor de Senegâmbia observou. Este: em 1984 o Conselho de Segurança da ONU aprovou 14 Resoluções; vinte anos depois, em 2004, aprovou 59; em 2003 havia aprovado 66.

Pois apesar do crescimento da intervenção daquela cúpula da comunidade internacional, não há nem mais paz nem mais ordem na superfície deste minúsculo globo azul que roda sobre si mesmo e em redor do Sol num pequeníssimo espaço do Universo. Pelo contrário: nas últimas duas décadas multiplicaram-se os conflitos armados por todos os quatro cantos onde há humanos. Matámo-nos às centenas de milhar.

Não é novidade, mas é estúpido.

Eloquente 

Ouviu-se José Mourinho dizer, em entrevista à "SIC Notícias", que não quer acabar a sua vida de treinador de futebol como Trapatoni no Benfica.

Não podia ter sido mais eloquente.

Plágio 

Bocage viveu entre 1765 e 1805. Tomás de Iriarte, entre 1750 e 1791. Um deles plagiou, não sei qual. Mas que o português teve mais tempo que o espanhol para a malandrice, isso é verdade. Eis a prova do crime:

Tomás de Iriarte
No te quejes, oh Nise, de tu estado
aunque te llamen puta a boca llena,
que puta ha sido mucha gente buena
y milliones de putas han reinado.

Dido fue puta de un audaz soldado
y Cleopatra a ser puta se condena
y el nombre de Lucrecia, que resuena,
no es tan honesto como se ha pensado;

esa de Rusia emperatriz famosa
que fue de los virotes centinela,
entre más de dos mil murió orgullosa;

pues todas lo dan tan sin cautela,
haz tú lo mismo, Nise vergonzosa;
que aquesto de honra y virgo es bagatela.

(in "Antologia de la poesía erótica espanõla e hispanoamericana"
Editorial Edaf, 2003, Madrid
)

Bocage
Não lamentes, oh Nise, o teu estado;
Puta tem sido muita gente boa;
Putíssimas fidalgas tem Lisboa,
Milhões de vezes putas têm reinado.

Dido foi puta, e puta d'um soldado;
Cleópatra por puta alcança a c'rôa;
Tu, Lucrécia, com toda a tua proa,
O teu cono não passa por honrado.

Essa da Rússia imperatriz famosa,
Que inda há pouco morreu (diz a Gazeta)
Entre mil porras expirou vaidosa.

Todas no mundo dão a sua greta.
Não fiques pois, oh Nise, duvidosa
Que isso de virgo e honra é tudo peta.

(in "Poesias Eróticas, Burlescas e Satíricas"
Publicações Europa-América, Lisboa
)

"Nuestro origen y nuestro lugar en el universo" 

No Memorável de hoje:

- A arte de mergulhar por Vasco Pulido Valente (Público, Lisboa)
- Quizá todavía queden españoles (ABC, Madrid)
- El grupo chino AS Watson, líder mundial de perfumerías tras comprar Marionnaud (ABC, Madrid)
- Titán: "nuestro origen y nuestro lugar en el universo" (La Vanguardia, Barcelona)

sexta-feira, janeiro 14, 2005

Primeira vez 



Uma das primeiras fotos de Titã feitas pela sonda Huygens, depois de pousar no solo da misteriosa lua de Saturno.

Novidade absoluta para os habitantes do planeta Terra. ABSOLUTA. E fica tudo dito sobre o valor da imagem.

Quanto ao resto, cresce a ansiedade. Terminada a missão da máquina com sucesso, há pelo menos um coração humano - como o sinto! - a bater mais depressa até que os especialistas digam o que há lá em cima, depois de decifrada a abundante informação colhida em tão longínquo local pela primeira vez.

É. Há seres assim. Cuja vida, no seu dia a dia, é um desejo permanente de "primeira vez". Que se alimentam de "primeira vez". Que respiram "primeira vez". Que caminham "primeira vez". Que acariciam "primeira vez". Que sonham "primeira vez". Que amam "primeira vez". Que pensam "primeira vez". Cujo cérebro adormece quando não é novidade, novo, original, notícia, primeira vez. (E cujos orgasmos explodem na descoberta.)

Tão viciados em "primeira vez", que estão preparados para olhar o fim - a morte - de frente ou de cima. Por ser a primeira vez.

Descobridores, é o que eles são. Eternos. E, alguns, ternos, muito ternos como numa certa primeira vez.

Responde o astrónomo 

Sobre a dúvida relacionada com a distância e a idade da nebulosa NGC6543, conhecida popularmente por "Olho de Gato", chegou do "Portal do Astrónomo" a seguinte resposta:

"Normalmente distâncias e idades são os dados mais difíceis de determinar para os objectos astronómicos.
"No caso de NGC 6543 o valor mais citado para a distância é mesmo de 3000 anos-luz, embora também seja possível encontrar a referência a 3600 anos-luz.
"Em relação à idade tem de se fazer a ressalva o que significa. A idade de 1000 anos é atribuída às estruturas mais internas da nebulosa. Já o halo, a zona mais externa tem uma idade estimada de 50000 a 90000 anos.
"Veja por exemplo: aqui e aqui.
"Ou uma página que agrupa uma série de imagens e links sobre este objecto em: jcboulay.

"Cumprimentos
Portal do Astrónomo"

Mau sintoma 

No Memorável de hoje:

- Um mau sintoma por Vasco Pulido Valente (Público, Lisboa)
- Vencer ou morrer (A Capital, Lisboa)
- Ibarretxe en la Moncloa (ABC, Madrid)
- Plongée dans le monde inconnu de Titan (Le Figaro, Paris)

quinta-feira, janeiro 13, 2005

Tem 39 milhões de anos 


L'insecte vaut de l'or
Un insecte âgé de 39 millions d'années et appartenant à l'espèce des strepsiptères a été découvert dans une pierre d'ambre, a indiqué jeudi l'Université allemande de Iéna. Selon le Pr Hans Pohl, cet insecte mâle est le plus vieux et le plus gros de son espèce découvert jusqu'ici dans le monde. La bête préhistorique, appelée «Protoxenos janzeni» fait huit millimètres de long, alors que ses congénères actuels, des parasites qui se nichent dans d'autres insectes, ne mesurent que deux à six millimètres. Les mâles d'aujourd'hui ne vivent que deux heures, le temps de trouver une femelle et de se reproduire sans se nourrir. Leur vie très courte se résume à voler et aimer, a expliqué le professeur Pohl. (EPA-Le Soir)

Parvoíce 

O Governo não vai intervir num suposto processo de venda da Lusomundo Media pela Portugal Telecom (PT), disse Morais Sarmento. "Essa é uma decisão da PT. O Estado não vai intervir nesse processo", afirmou o ministro da Presidência num encontro com jornalistas.

Parvoíce. Como se alguém acreditasse que o Estado, via Governo, fosse indiferente à venda do maior grupo português de comunicação social. E que esquecesse - digamos assim - que tem de apôr a sua assinatura na transação. Fingindo que o bem não faz parte do seu património.

A falta de credibilidade é enorme e também vem daqui. É verdade: o povo sabe que quem faz um cesto faz um cento.

E, claro, não acredita que aquele ministro não tenha ido a S. Tomé e Príncipe fazer uns diazinhos de férias tropicais a coberto de duas reuniõeszitas com autoridades locais.

O lugar do moribundo 

Chateados porque o PSD está nas mãos de Santana Lopes, andam por aí alguns social-democratas a pensar na criação de um novo partido político, a posicionar ideologicamente numa fresta entre o PS e o CDS.

Como Manuel Monteiro fez quando foi afastado deste e como Ramalho Eanes havia feito contra aquele. E ambos com igual resultado: zero.

Porque o problema não é a falta de representação ideológica e partidária entre aquelas áreas. O problema é exactamente o oposto: é a inexistência de lugar para outro partido entre socialistas (PS) e democratas cristãos (CDS).

Pois o PSD foi uma invenção (contra Mário Soares e porque Freitas do Amaral era muito fraco) de Francisco Sá Carneiro. Que entrou em agonia com a morte do fundador, há pouco mais de 24 anos.

Ainda não faleceu porque era grande e forte, saudável, de boa compleição, sólido, vigoroso, coração imenso, generosidade do tamanho do Mundo. Mas tudo indica que Santana Lopes seja um dos últimos tubos que ainda o ligam à máquina da vida. Deixem-no, então, em paz.

E não queiram ocupar o lugar do moribundo. Porque, como é óbvio, é lugar para morrer. Também.

São João 

Lê-se num matutino de hoje: "O Estado penhorou a José Veiga as 42 mil acções da SAD do Sporting, mais 33 mil da SAD do Estoril, bens móveis e créditos sobre clubes, com especial realce para o Benfica. O dinheiro que o Benfica deve a José Veiga foi dado como garantia ao Estado no processo fiscal que envolve a empresa Superfute. A Superfute, que devia estar inactiva, transaccionou acções na Bolsa de Paris pelo menos até sexta-feira passada. Se José Veiga não for ilibado destas situações, poderá ser declarado um cidadão falido. José Veiga não tem nenhum bem de monta em seu nome. Perseguido pelo Banco Internacional de Luxemburgo, a quem este empresário deve 1,482 milhões de euros, mais juros de mora. Quantias de outros clientes do banco foram desviadas para contas de José Veiga."

A ser verdadeiro este relambório, João Vale e Azevedo é um santo e merece regressar em ombros à presidência do Benfica. Clube de que, aliás, foi o melhor presidente dos últimos 20 anos.

Mentiras 

No Memorável de hoje:

- Mentiras de destrucción masiva (ABC, Madrid)
- Chine : la pression sur le yuan ne faiblit pas (Le Figaro, Paris)
- Pesquisadores descobrem mamífero que comia dinossauros (BBC Brasil)

quarta-feira, janeiro 12, 2005

Bem grande 


Pequeno apontamento, 18 palavritas e 4 pontuações: duas semanas depois da catástrofe, as crianças de Sumatra estão em aulas. (AFP) Aqui, demoraria talvez uns dois meses.

Diferença bem grande em tão curto registo.

Sinais do atraso - 67 

"Probabilidade"!
Lê-se na "Capital" de hoje:

Correia de Campos, ex-ministro da Saúde de Guterres, será o mais que provável titular da pasta. A respeitabilidade de um ministério é considerada fundamental para uma reforma ainda por fazer em Portugal. O PS não incluirá esta questão no seu programa eleitoral, mas a notícia é muito mais do que provável.

"... mas a notícia é muito mais do que provável". Ao que isto chegou!

Houve tempos - incluído o período da censura prévia à imprensa na época de Oliveira Salazar e Marcelo Caetano - em que para todos os profissionais uma notícia era uma notícia. Um facto; uma ocorrência; o que aconteceu. (O quê, como, quando, onde, porquê; mais tarde, também para quê). Com algo de sagrado. Perante a qual, reverentes, respeitosamente se inclinavam. Fosse manchete ou ronda pela polícia.

Hoje, notícia, na primeira página daquele diário, é uma "probabilidade"! E de grau variável - uma mais, outra menos, outra muito mais.

O pior é que a "Capital" não tem o exclusivo. E é assim difícil registar um outro tão mau sinal de atraso do país. Péssimo mesmo, pois contém - às claras - a agravante de se tratar de uma regressão. No passado, quem escrevesse o que ali está escrito era despedido meia hora depois. Por exemplo, por Augusto de Castro, João Pereira da Rosa ou Carlos Ferrão. Por incompetência e falta de jeito - havia quem lhe chamasse vocação - para o jornalismo.

Mas não se conhece registo de que alguma vez tal tivesse acontecido. O que torna o sinal de hoje ainda mais grave.

Le revers de l'aide 


Legenda do Le Soir: Les milliards de dollars promis par les grands donateurs après les tsunamis dévastateurs en Asie peuvent confondre par la générosité des offres, mais les pays récipiendaires doivent savoir qu'ils leur faudra un jour en payer la facture (AFP)

No Memorável de hoje:

- Le revers de l'aide (Le Soir, Bruxelas)
- "O rumo" por José Manuel Fernandes (Público, Lisboa)
- O sistema do presidente por António Lobo Xavier (Público, Lisboa)
- O mergulho de Santana por Sérgio Figueiredo (Jornal de Negócios, Lisboa)
- Grupos palestinos dizem que luta armada continua (BBC Brasil)
- Sharon oferece apoio a Abbas (Jornal do Brasil, Rio)
- Viendo venir el tsunami Ibarreche (ABC, Madrid)
- El otro código Da Vinci (La Vanguardia, Barcelona)
- Mission suicide de la sonde Deep Impact vers la comète Tempel (Le Figaro, Paris)
- Maremoto deixou a Terra mais redonda (BBC Brasil)

terça-feira, janeiro 11, 2005

Apenas três dias 

Faltam apenas três dias para a sonda Huygens entrar na atmosfera de Titã e começar a enviar cá para baixo informações sobre o que ali descobrir.

O extraordinário acontecimento poderá ser seguido aqui e aqui.

Sinais do atraso - 66 

Funeral sem o defunto
O jornal "Público" de hoje publica cinco textos sobre as listas de candidatos a deputados para a futura Assembleia da República. São centenas de linhas em que os autores comentam o guterrismo nas do PS, o processo conturbado da escolha das do PSD, as dos pequenos partidos, os autarcas que trocam as câmaras por S. Bento, que há menos vedetas e menos veteranos, etc. Muita coluna escrita, muita palavra impressa.

Faltando o essencial: o corpo da notícia. O diário não publica as listas dos candidatos pelos 22 círculos eleitorais.

Dito de outra forma, o leitor ficou a conhecer opiniões dos jornalistas sobre alguns factos - opiniões, claro, e factos selecionados de acordo com o critério dos selecionadores - mas continuou sem saber o essencial. Por exemplo quem são os primeiros e os segundos de cada partido por Évora, Beja, Bragança, Guarda, Viseu, Castelo Branco e pelo resto desse país. Por aí fora.

Uma coisa do tipo batatas fritas sem o bife, ou feijoada sem o feijão, ou bacalhau com todos sem o bacalhau, ou jarro de vinho sem o vinho, ou bolo-rei sem passas. Ou, talvez mais apropriadamente, um funeral sem o defunto.

Ratos são capazes 

No Memorável de hoje:

- Señor obispo (La Vanguardia, Barcelona)
- Les trous noirs du cosmos déformeraient l'espace-temps autour d'eux (Le Monde, Paris)
- Le monde mystérieux de Titan en point de mire (Le Temps, Genève)
- Durera-t-il vraiment, le disque dur? (Le Temps, Genève)
- Ratos são capazes de distinguir idiomas (Ambiente Brasil)

segunda-feira, janeiro 10, 2005

As longas patas do tigre 

Anda por aí muita gente neste princípio de ano, nas rádios e nos jornais, a falar dos têxteis e outros produtos da China e das lojas que os cidadãos deste país estão a espalhar por todos os aglomerados populacionais portugueses com mais de 2 ou 3 mil indivíduos maiores de 18 anos. Nenhum dos "intervenientes" se coibe de "alertar" para os "perigos" da "ameaça" chinesa - também indiana, paquistanesa, vietnamita, ou asiática em geral. Fazem-no certamente com a melhor das intenções.

Infelizmente. Pois um dos grandes problemas aqui da terra é que às melhores intenções quase nunca correspondem elevados graus de lucidez. E este é mais um dos casos. Dos mais trágicos e mais reveladores do atraso da nossa aldeia.

A - O "problema" da indústria e do comércio daquela parte do Mundo começou há uns 15 anos, tornou-se evidente há uns 10 e era já previsível há uns 20. Só os incapazes do costume não viram o tigre a avançar.

B - Se há perigo e ameaça, não o são para a esmagadora maioria da população. Os tigres limitam-se a abater os industriais e comerciantes velhos e doentes, incapazes de lutar ou de fugir.

C - A qualquer industrial é exigido sem contemplações - para crescer ou se manter de pé - que produza cada vez mais barato e com maior qualidade; a qualquer comerciante está completamente vedado - o que não acontecia nos séculos passados - ter margens de 150 ou 200%, as tais que lhes permitem fazer nos saldos descontos de mais de 50% e continuar de loja aberta.
Industrial e comerciante que fizer diferente, o tigre mata; hoje, amanhã ou depois de amanhã.

D - Os fabricantes e os lojistas asiáticos estão a prestar um verdadeiro "serviço público" ao povo, o qual obviamente os aplaude e lhes agradece a possibilidade de comprarem barato e variado.
Para entender, basta olhar o contentamento dos que saiem, sacos na mão, de uns "trezentos" ou de um "bazar" - estas possantes e longas patas do tigre.

Anti-cancerígeno 

No Memorável de hoje:

- Planes políticos para España (ABC, Madrid)
- L'huile d'olive aurait des vertus anticancéreuses (Le Monde, Paris)

domingo, janeiro 09, 2005

Guiné-Bissau, 1998-2004 

Ficaram hoje reunidos em Senegâmbia os relatórios do Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas sobre a Guiné-Bissau, elaborados nos anos de 1999, 2000, 2001, 2002, 2003 e 2004.

Não está aqui toda a história dos últimos sete anos, mas pode dizer-se que estas páginas contêm muita dela. Talvez um dia este conjunto de documentos possa ser enriquecido com os relatórios das embaixadas portuguesa e francesa, se alguma vez vierem a estar disponíveis para consulta pública.

Mas mesmo assim ainda faltará o mais importante. Para o quadro ficar completo, a este repositório - feito pela "comunidade internacional" - haveria que somar testemunhos dos guineenses directamente envolvidos. Que eu saiba, já se perderam alguns insubstituíveis, como os de Ansumane Mané e de Veríssimo Correia.

"Não vamos lá" 

No Memorável de hoje:

- "Não vamos lá" por Vasco Pulido Valente (Público, Lisboa)
- "Tortas" y proceso constituyente (ABC, Madrid)
- El inquietante hombre tranquilo (ABC, Madrid)

sábado, janeiro 08, 2005

Trigésimo 

O governo da Guiné-Bissau "garantiu" esta semana que o "período de transição" - depois de mais um golpe de Estado e de mais uma sublevação militar - para uma "vida normal" vai terminar em Maio, com as eleições presidenciais, e pediu à "comunidade internacional" 4,3 milhões de euros para as concretizar.

Deixemos o palavreado das "garantias", das "transições", das "vidas normais" e fixemo-nos nos números. Nestes, ignoremos o valor absurdo - cerca de 4,3 euros por habitante e seguramente mais de 10 euros por voto.

Limitemo-nos ao pedido. Mais uma vez é feito sem o mínimo de vergonha, às claras, sem quaisquer complexos, descaradamente. Como se fosse uma coisa normalíssima, tipo "primo, paga aí o almoço" - apesar de já ir no trigésimo do mês e não contando com os jantares, nem com as cervejolas da tarde, nem com os trocados para o tabaco.

Pode acontecer que esteja finalmente a chegar a hora em que os pagadores de impostos dos países dadores, europeus e americanos, digam "não" a estes e a todos os outros pedintes do mesmo género - o dos países ainda inviàveis. Aproveitando o argumento de que não vai sobrar dinheiro do enorme esforço feito a favor das desgraçadas vítimas do maremoto e ondas gigantes do Índico.

O que até nem será desculpa de mau pagador. Realmente, pagar para ajudar os que restaram das famílias engolidas pelo mar é bem mais útil e gratificante do que, por exemplo, pagar para sentar um outro africano numa cadeira presidencial.

Outras grandes catástrofes naturais 

- 19 de Julho de 0064: Incêndio de Roma
- 24 de Agosto de 0079: Desaparecimento de Pompeia
- 08 de maio de 1902: Erupção da Montagne Pelée
- 18 de Abril de 1906: S. Francisco em ruínas

Voltaire, Rousseau e a tsunami de Lisboa 

O tema é recordado por Joëlle Kuntz no jornal Le Temps (Genève) de hoje. O seu texto pode ser lido na íntegra aqui, no "Memorável".

Devem-se contar pelos dedos de uma mão os portugueses que têm conhecimento do que Voltaire e Rousseau escreveram sobre o "terramoto de Lisboa", um e outro utilizando a tragédia no debate, em meados do séc. XVIII, sobre o conflito entre ciência e religião. Joëlle Kuntz fez uma boa síntese e sugere a seguinte documentação para quem queira saber mais:

- 1er novembre 1755
- L'auto-da-fé
- Le tremblement de terre de Lisbonne
- Voltaire et les délices
- La providence

Le désastre de Lisbonne 

Poema de Voltaire sobre a tsunami de Lisboa, escrito em 1756:

O malheureux mortels! ô terre déplorable!
O de tous les mortels assemblage effroyable!
D'inutiles douleurs éternel entretien!
Philosophes trompés qui criez: "Tout est bien"
Accourez, contemplez ces ruines affreuses
Ces débris, ces lambeaux, ces cendres malheureuses,
Ces femmes, ces enfants l'un sur l'autre entassés,
Sous ces marbres rompus ces membres dispersés;
Cent mille infortunés que la terre dévore,
Qui, sanglants, déchirés, et palpitants encore,
Enterrés sous leurs toits, terminent sans secours
Dans l'horreur des tourments leurs lamentables jours!
Aux cris demi-formés de leurs voix expirantes,
Au spectacle effrayant de leurs cendres fumantes,
Direz-vous : "C'est l'effet des éternelles lois
Qui d'un Dieu libre et bon nécessitent le choix"?
Direz-vous, en voyant cet amas de victimes :
"Dieu s'est vengé, leur mort est le prix de leurs crimes"?
Quel crime, quelle faute ont commis ces enfants
Sur le sein maternel écrasés et sanglants?
Lisbonne, qui n'est plus, eut-elle plus de vices
Que Londres, que Paris, plongés dans les délices?
Lisbonne est abîmée, et l'on danse à Paris.
Tranquilles spectateurs, intrépides esprits,
De vos frères mourants contemplant les naufrages,
Vous recherchez en paix les causes des orages:
Mais du sort ennemi quand vous sentez les coups,
Devenus plus humains, vous pleurez comme nous.
Croyez-moi, quand la terre entrouvre ses abîmes
Ma plainte est innocente et mes cris légitimes. [...]
Que peut donc de l'esprit la plus vaste étendue?
Rien; le livre du sort se ferme à notre vue.
L'homme, étranger à soi, de l'homme est ignoré.
Que suis-je, où suis-je, où vais-je, et d'où suis-je tiré?
Atomes tourmentés sur cet amas de boue
Que la mort engloutit et dont le sort se joue,
Mais atomes pensants, atomes dont les yeux,
Guidés par la pensée, ont mesuré les cieux;
Au sein de l'infini nous élançons notre être,
Sans pouvoir un moment nous voir et nous connaître.
Ce monde, ce théâtre et d'orgueil et d'erreur,
Est plein d'infortunés qui parlent de bonheur.
Tout se plaint, tout gémit en cherchant le bien-être :
Nul ne voudrait mourir, nul ne voudrait renaître.
Quelquefois, dans nos jours consacrés aux douleurs,
Par la main du plaisir nous essuyons nos pleurs;
Mais le plaisir s'envole, et passe comme une ombre;
Nos chagrins, nos regrets, nos pertes sont sans nombre.
Le passé n'est pour nous qu'un triste souvenir;
Le présent est affreux, s'il n'est point d'avenir,
Si la nuit du tombeau détruit l'être qui pense.
Un jour tout sera bien, voilà notre espérance;
Tout est bien aujourd'hui, voilà l'illusion.
Les sages me trompaient, et Dieu seul a raison.
Humble dans mes soupirs, soumis dans ma souffrance,
Je ne m'élève point contre la Providence.
Sur un ton moins lugubre on me vit autrefois
Chanter des doux plaisirs les séduisantes lois:
D'autres temps, d'autres mœurs : instruit par la vieillesse,
Des humains égarés partageant la faiblesse
Dans une épaisse nuit cherchant à m'éclairer,
Je ne sais que souffrir, et non pas murmurer.
Un calife autrefois, à son heure dernière,
Au Dieu qu'il adorait dit pour toute prière:
"Je t'apporte, ô seul roi, seul être illimité,
Tout ce que tu n'as pas dans ton immensité,
Les défauts, les regrets, les maux et l'ignorance."
Mais il pouvait encore ajouter l'espérance.

(Voltaire, 1756)

Termófilos, psicrófilos, hipersalinófilos!... 

No Memorável de hoje:

- Tremblement de terre à Lisbonne, répliques à Genève (Le Temps, Genève)
- Termófilos, psicrófilos... e agora os hipersalinófilos (Le Monde, Paris)
- L'économie américaine a créé 2,2 millions d'emplois en 2004 (Le Figaro, Paris)
- Un énorme trou noir avaleur de soleils par centaines de millions (Le Figaro, Paris)
- Los prelados vascos apostaron por la independencia en 2002 (ABC, Madrid)
- Europa y la ruptura de España (ABC, Madrid)
- Uma verdade proibida por Vasco Pulido Valente (Público, Lisboa)

sexta-feira, janeiro 07, 2005

"Olho de Gato" 



Esta nebulosa planetária, designada por NGC 6543 mas popularmente conhecida por nebulosa "Olho de Gato", situa-se na constelação do Dragão, à distância de 3000 anos-luz. Com uma idade estimada de 1000 anos, esta é uma das nebulosas planetárias mais complexas que se conhecem. Esta imagem obtida com o Telescópio Espacial Hubble revela estruturas complicadas, como esferas de gás concêntricas, jactos de gás a alta velocidade e zonas de choque. Uma análise inicial revelou que no centro da nebulosa poderá estar um sistema de estrelas duplo, responsável pela forma intrincada adoptada pelo gás em expansão. As nebulosas planetárias nada têm a ver com a formação de planetas, ao contrário do que o nome parece indicar. Elas são o produto dos estágios finais de estrelas como o Sol, que, ao terminarem a sua vida, expelem para o exterior as suas camadas. (In Portal do Astrónomo)

Fica a certeza de que quando o Sol acabar a sua morte será um espectáculo pelo menos tão belo quanto este.

(Os números da distância e da idade devem estar errados. Vou estar atento à rectificação)

Com o rabo não a jeito 

O governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, considerou ontem ter "chegado a hora da verdade para a redução efectiva do défice orçamental no horizonte dos próximos dois anos". Na íntegra.

A pergunta é a óbvia: as outras horas, as anteriores, eram da mentira? Porquê?

Este indivíduo ocupa as funções de dirigente máximo do Banco de Portugal vai para 10 anos (se a memória não me atraiçoa), sendo assim uma das peças-chave do sistema político, económico e financeiro nacional. Mas sempre que fala em público tem o vício de o fazer com o rabo não a jeito para a seringa.

Aparece todas as vezes como uma espécie de super-autoridade da Economia, até na maneira de se exprimir. E esquece que é apenas um tipo com opiniões não originais. Iguais às de muitos e diferentes das de outros tantos.

Quanto ao défice orçamental: o Estado (PR, AR, Governo, Tribunais, Banco de Portugal, empresas públicas, autarquias) gasta mal o dinheiro dos nossos impostos e o resto é conversa.

Sonhos 

No Memorável de hoje:

- Era uma pergunta capciosa (Diário de Notícias, Lisboa)
- O excesso dos nossos sonhos por Vasco Pulido Valente (Público, Lisboa)
- Detectada la erupción cósmica de energia más potente (ABC, Madrid)
- Suiços propõem purificar água através do sol (Ambiente Brasil)

quinta-feira, janeiro 06, 2005

Todos de raça branca 

No Memorável de hoje:

- Está a chegar o C/2004 Q2 (Le Figaro, Paris)
- Durante muitos anos... todos os reis magos foram de raça branca (ABC, Madrid)
- Cultura e civilização por José Pacheco Pereira (Público, Lisboa)
- Talone caiu do pedestal (Jornal de Negócios, Lisboa)

quarta-feira, janeiro 05, 2005

A prova 





Monges e povo rezam em Phuket, hoje. Orarão, provavelmente, a pedir clemência aos céus depois da horrenda tragédia da tsunami.

Estou em crer que nenhum destes crentes questiona a criminosa divindade que não os avisou de que aí vinha a maré, nem a culpabiliza pelas dezenas de milhares de mortos e feridos, pela destruição de bens e pelo sofrimento de tantos, tantos e tantos inocentes.

Mas também não valia a pena. Eles estão perante a prova de que deus não existe.

As fotos (AFP) são boas.

Pode estar 

Espanha, tal qual a conhecemos, pode estar à beira do fim. Mais três textos no Memorável: Ibarretxe a Zapatero, Y si no "a tortas"? e naciones independientes?

Problema é que o rei não parece ter peso para garantir a unidade nacional e o filho é um rapaz que se apaixonou por uma apresentadora de televisão e com ela casou.

Também é interessante notar que territórios de Espanha reclamam a independência política... no exacto momento em que uns tontos querem fabricar a unidade política da Europa através de referendos a uma Constituição europeia.

Entre eles Zapatero, o Primeiro Ministro socialista que deixou formar-se no seu país a actual onda nacionalista.

Mais uma 

"Ó Pôncio, o presidente sou eu!". Foi desta forma - segundo o jornal "Público" - que Pôncio Monteiro garantiu que o líder do PSD e ex-comentador de futebol, Santana Lopes, lhe comunicou que iria assumir a sua autoridade para segurar o "seu amigo" no segundo lugar da lista de deputados pelo círculo do Porto para o qual o convidou no sábado passado. Prossegue o jornal: "Às 20 horas, antes de as televisões entrarem em directo da casa do ex-dirigente do FC Porto, já não foi Santana, mas Miguel Relvas, secretário-geral do partido, a comunicar telefonicamente a Pôncio Monteiro que, afinal, o seu nome tinha sido "vetado" pelo Conselho Nacional, isto numa altura em que reunião ainda não tinha começado".

Convida, desconvida, promete, despromete, argumenta, desargumenta, no Conselho ou fora dele, culpa e desculpa-se. Só mais uma trapalhada, afinal.

Na verdade, Pôncio já não joga porque chamou "coxo" (mais ou menos) a um colega de equipa mais alto do que ele, o qual não gostou e ameaçou o selecionador, mais baixo do que ele. Não porque não estivesse apto para sub-capitão do plantel.

Boa 

Desbloquear a contratação colectiva é o principal objectivo do acordo alcançado entre patrões e sindicatos, numa reunião sem a participação do Governo.

Boa notícia. Fica assim provado que a presença de governantes não é necessária nem no diálogo nem na assinatura dos contratos entre os dois parceiros sociais.

Aconteceu pela primeira vez, facto a que não foi certamente alheia a falta de credibilidade do actual Primeiro Ministro e da sua equipa. E, de um modo mais geral, da "classe política".

Realmente, para que serve um político no meio de empreendedores e trabalhadores?

Só para complicar.

Um Califado da China à Andaluzia 

No Memorável de hoje:

- A mensagem (Diário de Notícias, Lisboa)
- O PSD já não existe por José Manuel Fernandes (Público, Lisboa)
- Ibarretxe a Zapatero: "Si no se negocia cómo lo resolvemos, a tortas?" (ABC, Madrid)
- Y si no "a tortas"? (ABC, Madrid)
- Les conviene a las autonomías ser naciones independientes? (ABC, Madrid)
- "Sueñan con reconstruir un Califato desde China a Andalucía" (ABC, Madrid)
- Il y a cent ans, Albert Einstein fondait la physique moderne (Le Figaro, Paris)
- Igreja Católica paga US$ 100 milhões a vítimas de pedofilia (BBC Brasil)
- Tailandês tentou dar alerta (Jornal do Brasil, Rio)
- Ces animaux qui ont flairé le tsunami (Le Temps, Genève)
- Mangez des pommes (Le Soir, Bruxelas)

terça-feira, janeiro 04, 2005

Economia americana com saúde 

No Memorável de hoje:

- L'économie américaine ralentit mais reste très dynamique (Le Monde, Paris)
- Tribo indiana ataca helicóptero de ajuda com arco e flecha (BBC Brasil)
- Morts ou disparus: les trois définitions de la justice (Le Temps, Genève>)

segunda-feira, janeiro 03, 2005

Também por isso 


George W. Bush pediu aos ex-presidentes George Bush e Bill Clinton que "animem o povo e os empresários americanos a apoiarem mediante donativos" as tarefas de assistência em todas as zonas devastadas no Índico pelo maremoto.

Os seus antecessores aceitaram. Unidos, apesar das divergências sobre políticas internas e externas, nesta tarefa nacional: a ajuda a Estados terceiros. Não ao Arizona, Califórnia, Flórida, Texas ou os outros.

É a América de coração grande, genuína, fraterna, comovida, sentimental. Também por isso a maior potência do planeta.

Do nível 

Pôncio Monteiro vai ser o "número 2" da lista do PSD-Porto para as Legislativas de 20 de Fevereiro, lugar que lhe garante uma cadeira no próximo Parlamento.

Tal como o presidente do partido, tornou-se conhecido como comentador televisivo de futebol. Fanático, excitado, ferrenho, excessivo. Sempre com duas lógicas no bolso - uma para usar nas vitórias e a outra nas derrotas do clube da sua devoção.

Do nível de Santana Lopes, em cuja equipa cai perfeitamente bem.

E seguramente mais um personagem a contribuir para a degradação da imagem do pessoal político com assento no Palácio de S. Bento.

É aqui 

O relato é do "Jornal de Notícias":

"J.pensava que não tinha sida. Ou melhor, admitia que pudesse ter contraído o vírus recentemente, mas confiava que só com uma relação sexual não o transmitiria. Não era assim. Agrediu, raptou e violou uma jovem de 20 anos e transmitiu-lhe a doença. Condenado a 19 anos de cadeia por um tribunal do Grande Porto viu agora a pena ser reduzida pelo Supremo Tribunal de Justiça. Os conselheiros argumentaram "que a circunstância de J. não saber que estava infectado com o vírus da sida justifica que as penas pelos crimes de violação se situem num patamar inferior". Disseram ainda os juízes que o arguido "confiara" que a transmissão da doença não ocorreria.
"Para o amigo de J., que também violou a jovem e assistiu às violações feitas pelo comparsa, a pena aplicada pelo tribunal também foi reduzida. Os juízes consideraram que não devia ser condenado por co-autoria de uma das violações, porque aquela não estava "incluída no acordo tácito". (...)
"Aconteceu o ano passado. A jovem saía do trabalho, uma pequena fábrica do Grande Porto, e seguia a pé para casa. Foi apanhada pelos agressores, que começaram por lhe pedir dinheiro para a libertarem. A jovem entregou um euro (tudo o que tinha) e o telemóvel, mas a promessa não foi cumprida.
"Meteram-na no carro e andaram quatro quilómetros. Bateram-lhe quando tentou fugir e depois violaram-na. J. violou-a duas vezes, no veículo e na rua, e H. uma.
"Depois, deixaram-na seguir caminho. Não sem antes lhe roubarem o Kispo, que tinha o valor de 60 euros, e a obrigarem a revelar o código do carregamento do telemóvel."


Não é no processo Casa Pia, nas violações do segredo, nos truques dos advogados, nos atrasos dos processos, na impreparação de juízes nem nas preventivas que começa o mal da Justiça.

É aqui, na desadequação das penas. Em vez de baixar os anos de prisão, os conselheiros do Supremo Tribunal de Justiça deviam ter podido determinar a castração, física ou química, daqueles dois energúmenos. Ou, porque não fazem cá falta nenhuma, duas injecções letais.

Sem rosas 

Lê-se num jornal do hoje: "A abolição das quotas de importação dos têxteis vai abalar o sector em Portugal, mas nem tudo serão espinhos se as empresas forem capazes de se reestruturarem, apostando na criação de marcas com qualidade e "design", em canais de distribuição em mercados dinâmicos e na formação dos trabalhadores".

E conclui-se, se o remédio é esse, que... vão ser mesmo espinhos e com uma densidade muito superior à da pele do porco-espinho e do ouriço-cacheiro mais cabeludos. Ou à dos caules e ramos de um gigantesco, selvagem e descuidado roseiral - sem rosas.

Todos 

No Memorável de hoje:

- Tous asiatiques (Le Figaro, Paris)
- Abbas, com a Fatah e os media (Le Temps, Genève)
- A viagem dos magos (Jornal do Brasil, Rio)

domingo, janeiro 02, 2005

Menosprecio de España 

No Memorável de hoje:

- Desafío al Estado, menosprecio de España (ABC, Madrid)
- Maragall destaca la vía catalana para la reforma del Estatut ante el plan Ibarretxe (La Vanguardia, Barcelona)
- Ibarretxe no cuestiona la legitimidad de sus apoyos e insiste en que habrá referéndum (La Vanguardia, Barcelona)
- El precio de la "no España" (La Vanguardia, Barcelona)
- Gobierno y PSOE avisan que usarán la ley para impedir un referéndum (La Vanguardia, Barcelona)
- Constitución europea y catalanismo (La Vanguardia, Barcelona)
- Pensar por António Barreto (Público, Lisboa)
- O "sexto sentido" dos animais (La Vanguardia, Barcelona)

sábado, janeiro 01, 2005

Sete vezes "FELIZ 2005!" 


do Rio de Janeiro (EPA)

de Pequim (AP)

de Madrid (EFE)

de Paris (AFP)

de Londres (AP)

de New York (AFP)

de Berlim (AFP)

Que 2005 seja melhor que 2004, que a tarde seja melhor que a manhã, que Fevereiro seja melhor que Janeiro, a primavera melhor que o inverno e todos os seguintes sempre melhores que os anteriores.

Também que o amanhã seja melhor que o ontem. Quanto ao hoje: este não é mais do que uma pequena e estreita ponte.

Estilo de vida. Com muita paciência. A caminho do Infinito.

Na aldeia 

Confirmou-se que o Presidente da República não soube fazer o que fez o chanceler alemão Gerhard Schröder. Mas não se esperava que se portasse tão mal.

Na sua Mensagem de Ano Novo não retirou os olhos do umbigo, remexeu com a unha do dedo mindinho no lixo que há cá dentro, cheirou, mostrou e sacudiu. Mais nada.

Não fez nenhuma referência nem ao bom nem ao mau que vai pela Terra e não disse nem uma única palavra sobre a dantesca tragédia, provocada pelo maremoto na Indonésia, que colocou todo o planeta de luto. Referendo sobre a Constituição da Europa, terrorismo, Iraque, Médio Oriente, Ucrânia, guerras africanas, China, têxteis sem fronteiras, descobertas no Espaço, nanotecnologias, vacina contra a malária, outros avanços científicos, dólar barato e euro caríssimo, etc, etc, etc... também nada o preocupou ou o entusiasmou.

Hoje, 2005, este homem portou-se como um velhote de 1805 sentado na taberna - sem rádio, sem televisão e com o jornal da paróquia de mês a mês - nas profundezas da serranias, a mandar as bocas de todos os dias sobre a vida na pequena aldeia.

"Grandes marcas" à beira do fim  

No Memorável de hoje:

- Le bon plaisir du roi Google (Le Figaro Magazine, Paris)
- Les grandes marques ne font plus recette (Le Monde, Paris)

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