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terça-feira, março 30, 2004

Caos, confusão... 

"Caos, confusão ou sabotagem nas eleições na Guiné-Bissau" é o título da reportagem do Público, hoje em destaque no Memorável.

segunda-feira, março 29, 2004

Mais um passo para provar que há vida em Marte? 

Selecção de hoje para o Memorável:

- Direita francesa só ficou com a Alsácia (Le Temps, Genève)
- Gás metano na atmosfera de Marte pode ser sinal de vida no planeta (BBC Brasil)
- A NASA faz voar um avião a 8 000 km/hora (Le Figaro, Paris)
- Já tiraram o cheque em branco a Lula (La Vanguardia, Barcelona)

domingo, março 28, 2004

Porque o Islão foi ultrapassado pelo Ocidente 

No Memorável de hoje, dois textos de Vasco Pulido Valente: um sobre sobre o secretário geral do PS ("Um acidente") e outro sobre terrorismo.

- Porque o Islão foi ultrapassado pelo Ocidente (ABC, Madrid)
- Um acidente (Diário de Notícias, Lisboa)
- O terror (Diário de Notícias, Lisboa)

sábado, março 27, 2004

O último riso do mouro 

No Memorável de hoje:

- A população palestina está farta da Intifada (ABC, Madrid)
- Kofi Annan faz mea-culpa sobre o Ruanda (Jornal do Brasil, Rio)
- 5 anos depois da invasão da NATO, nada resolvido no Kosovo (Público, Lisboa)
- O último riso do mouro (Público, Lisboa)

sexta-feira, março 26, 2004

Condenaria? 

Os presidentes e chefes de governos da União Europeia criticaram Israel por ter abatido o chefe do grupo terrorista Hamas. Para esta Europa, os judeus não deviam ter feito aquilo.

E o que é "aquilo"? Apenas um disparo certeiro no general inimigo, na guerra iniciada por ele.

Uma minha reacção anti-UE: era o que faltava um beligerante não poder matar o comandante dos adversários!

Outra, mais uma pergunta provocatória e uma resposta do foro pessoal:

1. A UE criticou a morte do chefe, mas não disse nada sobre a morte dos outros sete palestinos que foram com ele, nem sobre a dos muitos outros que os antecederam naquela "viagem para o Paraíso" - embora forçada. A UE fez, da morte, política.

2. Se os radicais iraquianos abatessem em Bagdad a autoridade máxima americana no Iraque, a reacção da UE seria idêntica? Condenaria explicitamente, em comunicado dos 15, tão extraordinário feito?

3. Eu acho que não.

Coitada 

A ministra da Justiça acaba de aparecer na TV2, toda sorridente, a dizer que temos 179 pulseiras electrónicas, isto é, que há 179 portugueses presos fora das prisões. Número que equivale, segundo ela, a esvaziar uma cadeia de média dimensão. Politicamente, pensa a senhora, uma vitória contra a sobre-lotação dos nossos estabelecimentos prisionais.

A ministra está contente com 179. Embora toda a gente saiba que 1 790 daquelas braceletes ainda seriam muito poucas. Coitada.

Divisões no Hamas 

"Crise no Hamas e palestinos contra a vingança" do diário "La Vanguardia" (Barcelona), no Memorável de hoje. É um texto de Henrique Cymerman, também correspondente da SIC em Jerusalém. A ler.

quinta-feira, março 25, 2004

Coisas das religiões 

Aos bombistas-suicidas, Alá garante o Paraíso depois da morte terrena. Isto é, a felicidade eterna.

Aos crentes da Santíssima Trindade, a Bíblia e os Evangelhos garantem a Ressurreição. Isto é, a feliz eternidade.

Coisas das religiões. Inimigas na forma e muito parecidas no conteúdo.

quarta-feira, março 24, 2004

Como os ciganos da Europa 

Os palestinos não têm uma pátria, são como os ciganos da Europa. E querem um território vasto onde possam viver e organizar-se politicamente, fazer um Estado.

A pretensão parece-me inteiramente justa. Só não entendo porque é que os maiores países árabes - bastava um - não lhes cedem o terreno para o efeito. Se cedessem - e eles aceitassem - terminava o conflito no Médio Oriente.

Não entendo, mas suspeito que seja assim: do lado dos árabes, não querem estes "ciganos" a morar perto de si; do lado dos palestinos, preferem ficar perto de Israel para poderem ir trabalhar lá dentro e, assim, garantirem um salário. Ainda que como os sindicalistas da esquerda radical na fábrica do patrão: odiando o "explorador" mas vivendo do seu cheque.

Vida em Marte? Parece que sim! 

"Reforçada a possibilidade de ter havido vida em Marte" é um texto do "Le Figaro", de Paris, que pode ser lido no Memorável de hoje.

terça-feira, março 23, 2004

Obviamente 

1. Porque é que as gigantescas manifestações contra o terrorismo do 11-M, realizadas em todas as províncias de Espanha, não tiveram nas televisões a cobertura que estão a ter as dos palestinos por causa da morte do xeique Yassin?

2. Porque é que a morte deste terrorista é mais lamentada do que a morte de 200 civis inocentes?

Por estupidez. Sem referir a cumplicidade, obviamente.

Humilhados 

O xeique Yassin era, para os israelitas, o seu "Bin Laden". É um facto comprovado e indesmentível; aliás, não só para eles como para todo o mundo ocidental. Incontestável.

Mundo que, apesar disso, ficou incomodado - amedontrado - por Israel ter abatido o seu inimigo número 1.

Vamos ver se a reação dos incomodados - e temerosos - será também de incómodo - e de medo - quando os aliados matarem o chefe da Al Qaida.

Suspeito que não. Aposto que esses hipócratas vão, neste caso, respirar de alívio por tal assassinato, pois não apreciam apanhar nas próprias cabeças com as bombas dos terroristas - embora "compreendam" quando caiem nas dos outros. Ou seja, em termos práticos: na perspectiva deles, EUA e aliados podem matar o Laden à vontade, mas Israel não devia ter acabado com o Yassin. Apesar de os dois serem duas faces da mesma moeda.

Há um outro problema: eles não gostam de se sentirem humilhados quando vêem meia dúzia de judeus ter alma para impõr a sua lei a milhões de indivíduos e a dezenas de Estados. Acho que foi por isso que muitos cristãos ficaram incomodados com a morte do "Bin Laden palestino".

Quanto aos islamitas: porque ficaram chateados se o homem foi para o Paraíso repousar entre as virgens sob o olhar cúmplice de Alá? Só porque foi por um míssil do inimigo em vez de ter ido por um cinturão de bombista-suicida?

Houve em Marte um mar de água salgada! 

No Memorável de hoje:

- Ainda não se sabe quando começou a vida na Terra (Le Figaro)
- O Bin Laden dos palestinos (ABC, Madrid)
- Houve em Marte um mar de água salgada! (ABC, Madrid)

No "Memorável" de ontem está o texto "Obesidade mental", de João César das Neves, publicado do "Diário de Notícias" de Lisboa; por lapso, não o referi no dia certo.

segunda-feira, março 22, 2004

Quantos? 

Uma pergunta para os crédulos, os insensatos, os hipócritas, os útéis, os fiéis e os infiéis: quantos civis inocentes abatidos à bomba ou a tiro - judeus e palestinos, homens, mulheres e crianças - estariam hoje ainda vivos se o xeique Yassin tivesse sido assassinado há 10 ou 15 anos atrás?

Ruindades 

108. O Presidente da República condenou explicitamente Israel por ter abatido o xeique Yassin, chefe máximo dos terroristas do Hamas. Que me lembre - na verdade o assunto não é importante, tendo em vista a ínfima dimensão deste protagonista - nunca ouvi a criatura condenar explicitamente o Hamas pelas centenas de mortes de judeus civis inocentes.

109. O Primeiro Ministro esforçou-se por criticar ambos os lados, mas atrapalhou-se - como quase sempre - e acabou a declaração dizendo que "a espiral de violência alimenta-se a ela própria".

Não é verdade, como é evidente. Uma espiral de violência é alimentada pelos violentos - pelo menos dois - que a construiram e a mantêm viva.

Sinais do atraso - 34 

Sem desculpas
Um dos jornais portugueses de referência, o "Público", garantiu ontem na primeira página, com letras grandes, que "Há pelo menos 200 mil pessoas com fome em Portugal"; com letras mais pequenas insinuou que a tragédia podia chegar ao milhão (10% da população).

Hoje, o mesmo jornal escreve, também na primeira página, que afinal vai ter que ser feito um estudo sobre o tema "até porque não há números exactos sobre a pobreza e uma das suas manifestações mais dramáticas: a fome".

Ontem mentiu; hoje arrependeu-se. E nem nos pediu desculpas.

Hoje, daqui a três anos
O estudo atrás referido, segundo o mesmo jornal, vai ser realizado durante os próximos três anos. E o jornalista acrescenta que o documento final "permitirá ter uma visão global do que se passa hoje no país".

Além daquele disparate, nem redactor nem editor se debruçaram sobre um problema certamente de difícil solução, mas da qual dependerá o interesse científico do trabalho: como manter cada faminto de hoje com fome, sem morrer dela, durante os próximos 1100 dias. Claro, senão os números não baterão certo.

A sério: três anos... para o que já se devia saber anteontem e que não deveria ter demorado mais de uma semana a apurar!

domingo, março 21, 2004

Tempo, teve. 

Porque é que o Islão, que já dominou e colonizou os povos cristãos, está a perder desde o século XIV para o Vaticano?

Acho que por nunca ter criado um "vaticano" seu, centralizador, imperial, dono da doutrina, do elogio e do castigo. Porque não o criou, não sei. Tempo, teve.

Não sei, mas desconfio que a culpa foi de Maomé. Por não se ter lembrado de fazer herdeiros como Jesus fez de Pedro e este de muitos outros até ao actual João Paulo II e aos seguintes que virão.

Dois imaginados 

Há dois Deus em guerra há cerca de dois mil anos: Alá, dos mouros e a Tríade (Santíssima Trindade), dos cristãos. Cada um chamando "incrédulos", "infiéis" ou "idólatras" aos crentes no outro.

Tudo se passa, claro, no imaginário, no virtual, na fé.

Mas o problema é que, no real, muitos milhões de pessoas já perderam a vida por causa dos joguinhos daqueles dois imaginados.

Continuar as guerras... 

1. A Jugoslávia que o general Josip Broz "Tito" dirigia com mão de ferro era um Estado federal constituído por seis repúblicas (Sérvia, Croácia, Eslovénia, Bósnia-Hersegovina, Macedónia e Montenegro) e duas províncias autónomas (Kosovo e Vojvodina). Aqui encontra boa informação. Com a morte do ditador, em 1980, o edifício desmoronou-se e voltou a rebentar a guerra de séculos entre aqueles povos - que dura até hoje apesar das bombas da NATO há cinco anos e apesar da muita tropa da ONU que por lá anda para a evitar.

2. O Iraque de Sadam Hussein tinha Curdos, Sunitas e Chiitas. Inimigos históricos, mais ou menos calados até à invasão dos americanos e ingleses. Agora já vão falando cada um para seu lado, mas ainda baixinho. Seguro, é que vão desatar aos berros e à batatada daqui a tempos, mesmo na presença de soldados estrangeiros.

3. O que "está mal", no Iraque e nos Balcãs?
A. Pensar que ódios milenares podem terminar a tiro ou com constituições
B. Pensar que a Democracia pode vencer a Religião
C. Pensar que com o Alcorão pode haver Democracia

4. Qual a solução, então?
Não há.

5. Que fazer?
Simples: continuar as guerras, como se vem fazendo desde há 3 ou 4 mil anos...

A ordem para nos matarem 

Contrariamente ao que acontece no Ocidente, onde o Estado é organizado com base nas constituições, os mulçumanos fundamentam a sua organização no Alcorão, o livro religioso cujo conteúdo acreditam que foi ditado por Alá. O Tesouro Público é o tesouro de Alá, o exército é o exército de Alá e até os funcionários públicos são empregados de Alá. Quem viola o Alcorão não só comete um pecado como infringe a legislação em vigor: além de um dever de fé, a obediência às disposições escritas no livro é uma obrigação legal.

O Alcorão (na íntegra, numa tradução brasileira) está dividido em 114 suratas (capítulos) e é formado por 6.342 versículos, 77.930 palavras e 323.670 letras. Ficam alguns versículos da surata IX. Está aqui a ordem para nos matarem ou nos subjugarem e a recompensa por eles morrerem em serviço.

Matai os idólatras 5. Mas quanto os meses sagrados houverem transcorrido, matai os idólatras, onde quer que os acheis; capturai-os, acossai-os e espreitai-os; porém, caso se arrependam, observem a oração e paguem o zakat, abri-lhes o caminho. Sabei que Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo.

Deus vos fará prevalecer sobre eles 14. Combatei-os! Deus os castigará, por intermédio das vossas mãos, aviltá-los-á e vos fará prevalecer sobre eles, e curará os corações de alguns fiéis,

Como se desviam! 30. Os judeus dizem: Ezra é filho de Deus; os cristãos dizem: O Messias é filho de Deus. Tais são as palavras de suas bocas; repetem, com isso, as de seus antepassados incrédulos. Que Deus os combata! Como se desviam!

Sacrificai vossos bens e pessoas pela causa de Deus! 41. Quer estejais leve ou fortemente (armados), marchai (para o combate) e sacrificai vossos bens e pessoas pela causa de Deus! Isso será preferível para vós, se quereis saber.

Em troca do Paraíso 111. Deus cobrará dos fiéis o sacrifício de seus bens e pessoas, em troca do Paraíso. Combaterão pela causa de Deus, matarão e serão mortos. É uma promessa infalível, que está registrada na Tora, no Evangelho e no Alcorão. E quem é mais fiel à sua promessa do que Deus? Regozijai-vos, pois, a troca que haveis feito com Ele. Tal é o magnífico benefício.

Combatei para que sintam severidade em vós 123. Ó fiéis, combatei os vossos vizinhos incrédulos para que sintam severidade em vós; e sabei que Deus está com os tementes.

Do Iraque ao Kosovo 

"Do mal o menos" é de António Barreto e "O programa" de Vasco Pulido Valente. No Memorável de hoje.

- Há 750 milhões de anos o gelo chegava ao equador (Le Monde, Paris)
- Do Iraque ao Kosovo (ABC, Madrid)
- Democracia é utopia para o Iraque (Jornal do Brasil, Rio)
- Do mal o menos... (Público, Lisboa)
- O programa (Diário de Notícias, Lisboa)

sábado, março 20, 2004

Responde um "novo pensador" árabe 

Escritor e poeta árabe nascido em Túnis, professor nas universidades de Paris X-Nanterrel e de Genève, Abdelwahab Meddeb é considerado um "novo pensador" do Islão. No Memorável de hoje pode ler na íntegra a entrevista ("A doença do Islão") que ele deu ao jornal "Le Temps" sobre a guerra declarada ao Ocidente por islamitas radicais. Aqui destaco alguns pontos.

1 - Que são os radicais? - "Ce type d'actions est injustifiable, même s'il est vrai que le Coran porte dans sa lettre la violence et l'appel à la guerre. Mais l'interprétation de la lettre dépend de la lecture qu'on en fait. Les intégristes sont des littéralistes aveuglés qui prennent au mot l'injonction de la sourate IX à tuer les polythéistes, les juifs et les chrétiens".

2. Porquê o ódio ao Ocidente? - "Le monde musulman a connu un très grand moment de civilisation qui a entamé son déclin à partir du XIVe siècle. Le Musulman, qui se considérait comme supérieur ou au moins égal à l'Occidental, n'a pas compris le processus qui l'a conduit à être dominé par le protagoniste européen. Ainsi, le monde musulman n'a cessé d'être inconsolé de sa destitution. Les intégristes sont des gens qui ne sont pas guéris de la blessure éprouvée par le musulman d'avoir été changé en dominé après avoir été dominateur. A mon avis, les actes terroristes perpétrés par les islamistes s'expliquent par la croissance du ressentiment".

3. E a barbárie? - "A son tour, l'islam est devenu illustrateur de la barbarie, comme l'a été l'Allemagne nazie pendant la Seconde Guerre mondiale".

4. Porque nasceu o radicalismo? - "L'intégrisme est né aussi de l'échec de l'occidentalisation des sociétés musulmanes. Evacuée et abîmée, la tradition ne s'est pas renouvelée, et l'européanisation est restée superficielle. Cette double carence a créé un terreau fertile pour la croissance de l'islamisme".

5. O Alcorão é mal interpretado? - "L'islam attend toujours son Spinoza pour l'initier au libre examen des Ecritures. Il est en effet temps de distinguer entre la part éternelle et la part périssable du message coranique. Malheureusement, c'est la partie la plus médiocre qui semble durer en islam, à savoir les dimensions légaliste, politique et guerrière que comporte le Coran".

6. E Bin Laden? - "Mais entrer en empathie avec quelqu'un comme Ben Laden relève de la pathologie. Même si la responsabilité de l'autre est patente, il faut toujours commencer par examiner la sienne propre. Depuis le XIIe siècle, les musulmans ont une façon de se déresponsabiliser qui est scandaleuse. Il est temps pour eux d'entrer dans l'ère du soupçon".

7. Como lutar contra o radicalismo? - "Une réforme de l'école et des médias est nécessaire. Certains programmes scolaires ou télévisuels font le lit de l'intégrisme lorsqu'ils clament que l'islam est la religion qui porte la vérité ultime" (...) "D'autre part, il convient aussi que l'Occident prenne l'islam au sérieux et cesse de le considérer comme un sujet exotique. Son exclusion et sa non-reconnaissance par l'Occident font partie des causes externes de la maladie de l'islam".

A doença do Islão 

No Memorável de hoje, vários textos que ajudam a entender a guerra mundial em curso entre o Império Islamita e o Império Ocidental.

- A doença do Islão (Le Temps, Genève)
- Estratégia do Islão (Le Temps, Genève)
- A pé ou de carro, a revolução GPS (Le Temps, Genève)
- A Europa em guerra (Le Figaro Magazine, Paris)
- Solana diz que a Europa "não está em guerra" contra o terrorismo (ABC, Madrid)
- Bush recorda que na guerra em curso contra o terrorismo não cabe a neutralidade (ABC, Madrid)
- A ONU incapaz no Kosovo (Le Soir, Bruxelas)

sexta-feira, março 19, 2004

Eloquentes 

O Presidente da República fez hoje à tarde uma declaração ao país (se tiverem paciência para a ler na íntegra, cliquem aqui e depois em 19 de Março de 2004) após uma reunião com representantes dos grupos parlamentares. Uma tristeza. Com eloquentes exemplos da falta de rigor, da ausência de lógica, da abundância de imprecisões, do muito palavreado inintelegível e das inúmeras vacuidades no discurso de políticos.

Vejam o que o homem fez:

A. Reuniu... no quadro de um esforço: "Reuni hoje com os dirigentes dos partidos parlamentares, no quadro de um esforço conjunto para assegurar um espirito de consenso, de unidade e de coesão"

B. Acompanhou... o sofrimento de todas... as vítimas: "Sentimos, com todos os Espanhóis, o luto e acompanhamos a dor e o sofrimento das famílias e de todas as vitimas"

C. Deturpou... ou não entendeu os objectivos dos terroristas: "Esses ataques criminosos, que provocaram milhares de mortos entre os civis indefesos, têm uma lógica implacável e um sentido preciso: abalar, pela escalada de violência, fundamentos essenciais do progresso humano e de uma sólida convivência entre os povos"

D. Disse... nada... sobre a terapêutica: "A melhor maneira de neutralizar as ameaças terroristas é recusar o império do medo e impor o império da lei"

E. Não espera, claramente, nada: "Dos responsáveis políticos espero, como disse, um esforço conjunto para assegurar os consensos necessários nestas matérias, sem prejuízo, naturalmente, das diferentes perspectivas que possam existir sobre questões concretas e sem prejuízo, também, do normal escrutínio parlamentar"

F. Tem confiança... na maturidade da cidadania: "Tenho confiança no bom senso e na maturidade dos Portugueses e da nossa cidadania"

quinta-feira, março 18, 2004

"O negócio está fraco" 

Hoje ao fim da tarde fui ao talho comprar carne para o Ivan. A dona e este seu cliente deram, como de costume, dois dedos de conversa. Dois minutos em que se falou de muita coisa e que terminou com uma síntese das preocupações dela, dita por ela própria: "o negócio está fraco".

Dona Adozinda estava chateada porque está a vender menos vaca, menos porco, menos frango; e, ao mesmo tempo, comentava a situação do país no dia em que o governo faz dois anos, ela que lhes deu o seu voto.

Gelo em Marte é maior que Portugal 

No Memorável de hoje:

- O isolamento da Suiça na Europa não prejudica a sua economia (Le Temps, Genève)
- O Spirit fotografou um ovni (BBC Brasil)
- Mar gelado em Marte é maior que Portugal e mais alto que os Pirinéus (La Vanguardia, Barcelona)

quarta-feira, março 17, 2004

Focinho de porco não é uma tomada 

Ainda o "diálogo". Bin Laden e Mário Soares, em cimeira, dialogariam sobre quê? Acho que sobre 3 temas: locais dos atentados, tipo de bombas e número de mortos.

Aquele a ameaçar com o máximo possível de vítimas no maior número de locais e com o mais eficaz arsenal; este, a solicitar moderação, critério mais apertado.

Pensar noutra agenda e noutra atitude parece-me tão absurdo como acreditar que focinho de porco é uma tomada.

Sinais do atraso - 33 

Só ilustração
Nas obras para substituição do piso da rua, a escavadora pôs a descoberto 3 metros da muralha romana que circundava a cidade. O diário local fez manchete no dia seguinte e publicou foto a toda a largura da primeira página.

Tudo normal, não fora o facto de na fotografia não se verem as pedras do muro. O "boneco" não tinha a informação; era uma simples ilustração.

Parceiro 

Mário Soares, socialista, defendeu hoje que se deve dialogar com os terroristas. O ex-Presidente da República elevou, assim, os criminosos ao nível de parceiros. E ele é, a partir de agora e por escolha sua, um parceiro do crime. Assim mesmo.

Olhando o passado do personagem, acho que vai sentir-se bem. Fica o sublinhado de que este indivíduo aceita sentar-se a uma mesa com os assassinos do 11-Set e do 11-M, do Afeganistão, do Iraque, do Paquistão, das Filipinas, etc.

Fico até a imaginá-lo numa gruta, lá nos confins da fronteira paquistanesa com a terra que foi dos talibãs, a tomar um chá com Bin Laden; no fim da chávena, a falar de paz, de cócoras e de bandeira branca na mão.

Brasil: "governo escorrega para a bagunça" 

No Memorável de hoje uma crítica violenta ao governo de Lula publicada no "Jornal do Brasil", do Rio de Janeiro.

terça-feira, março 16, 2004

Mais alto e mais resistente 

Achei-o pouco espesso e pouco elevado. Tinha na ideia que era grosso como uma parede de pedra e alto como um apartamento de primeiro andar. Refiro-me ao muro de Berlim, do qual observei hoje detalhadamente o pedaço que um emigrante na Alemanha ofereceu ao Santuário de Fátima e que lá se encontra em local de destaque - eternizando, na perspectiva desta religião e seus crentes, a vitória da Igreja Católica na luta contra o Comunismo.

Ao olhá-lo, lembrei-me do 11-M e do muro que os israelitas estão a construir. E desejei que os judeus o façam maior e mais resistente, impossível de ser saltado e impenetrável por qualquer bomba. Também senti no rosto uma aragem de esperança: a de que os europeus "anti-guerra" entendam, depois da tragédia de Madrid, as razões de Israel... isto se ocorrer a esses "pacifistas" usar o cérebro e recordar as muitas centenas de vítimas civis inocentes dos bombistas-suicidas palestinos.

Também me veio à cabeça uma evidência: um muro é apenas um instrumento muito utilizado pelos homens de todas as ideologias, de todos os ofícios, de todos os tempos. Serve para separar, defender ou isolar amigo de inimigo. Desde a Grande Muralha da China à muralhinha alemã, passando pelos castelos medievais, pelos murinhos de pedras ou de arame entre territórios, nos campos rurais, de cada vizinho. Sem esquecer, nas tabancas africanas, as paliçadas de ramos de palmeira e, nos edifícios de 2 ou 20 andares, as paredes entre cada apartamento.

Marcelo esmaga Cavaco 

No Memorável de hoje:

- "Sedna" é o 10º planeta do sistema solar? (ABC, Madrid)
- Detida uma criança palestina de 10 anos com um cinturão-bomba (ABC, Madrid)
- Marcelo esmaga Cavaco (Correio da Manhã, Lisboa)

segunda-feira, março 15, 2004

Sapateiro 

Zapatero (ZP para os fãs) é o futuro Chefe do Governo de Espanha. Em português, tradução livre, sapateiro.

Proximamente - em estilo das medievas e eternas "Cantigas de Maldizer" - alguém certamente perguntará, ironicamente ou gargalhando de frente: "Quem te manda a ti, sapateiro, tocar rabecão?"

É. Não parece ofício para as mãos deste artesão.

Ruindades 

106. Do ministro da Presidência, Morais Sarmento, sobre informações de ameaças terroristas a Portugal: "estão a ser acompanhadas com serenidade e responsabilidade".

Problema é que este é o mesmo homem que há meia dúzia de dias garantiu (ver "Seguramente" de Mar 09) que a principal causa de morte das mulheres é a violência doméstica...

É verdade: não podemos ficar serenos.

107. O semanário "Expresso" voltou a dar grande destaque à ideia da Ibéria, ou seja à união política e económica dos dois países da Península Ibérica, isto é à integração de Portugal em Espanha. Vai ser muito interessante ler a edição do próximo sábado... para ver se a vitória do PSOE modificou o "projecto".

Suspeito que sim. O que provará que a ideia era um desejo, uma especulação, uma paixoneta, um casamento de interesse - politicamente falando. Nada de objectivo, rigoroso, palpável, comprovado - cientificamente pensando.

O preço 

No Memorável de hoje:

- O preço de uma manipulação de Estado (Le Temps, Genève)
- Spirit chegou a Bonneville (Le Figaro, Paris)
- Razões da viragem em Espanha (La Vanguardia, Barcelona)

domingo, março 14, 2004

Quando ? (fim) 

A manobra de última hora de Aznar, ontem ao fim da tarde - reforçada à noite com a divulgação da reivindicação pela Al Qaida da autoria do atentado - não resultou. E aconteceu o inimaginável um dia antes do 11M: o PP perdeu as eleições a favor do PSOE.

Depois do massacre terrorista, o terramoto político. Por um erro do próprio Aznar: na manhã da passada quinta feira disse que foi a ETA.

Devia ter dito que foi a ETA ou a Al Qaida; devia ter dito que se tivessem sido os islâmicos estava provada a justeza do apoio que Espanha deu aos EUA e devia ter dito que, mais do que nunca, era evidente a necessidade de todos os espanhóis irem ainda mais longe no combate ao terrorismo internacional.

Al Qaida reivindicou o massacre 

No Memorável de hoje está, na íntegra, o comunicado através do qual a Al Qaida reivindica a autoria do massacre de Madrid.

sábado, março 13, 2004

Ruindades 

105. O Primeiro Ministro presidiu hoje a um jantar comemorativo do seu 2º ano de Poder. E, entre outras coisas, falou sobre desemprego: disse que é pelo rigor e contra o facilitismo. Também deu um exemplo: o seu governo, rigoroso e não facilitista, nunca admitiria na Função Pública todos os portugueses desempregados.

Mas quem é que do povo falou nisso? Ninguém, claro. Então de onde veio a ideia de tão absurda solução?

O disparate saiu da cabeça do rapaz. Ele não tinha argumentos e, nesta situação, fez como alguns putos: cuspiu em jeito de importante. Isto, numa perspectiva; noutra, tratou-nos como atrasados mentais. Em qualquer dos casos, uma baixeza.

Quando? (3) 

A tese que defende a autoria do massacre por parte da ETA não está a conseguir impôr-se na opinião pública, tal a evidência dos factos que a contrariam. E o Governo espanhol decidiu, perante o insucesso, levantar ao princípio da noite uma ponta do véu, mandando o Ministro do Interior informar que a polícia já prendeu suspeitos: 3 árabes marroquinos radicais e 2 hindus.

Isto é: Aznar, a 12 ou 13 horas das eleições, sentiu-se obrigado a "abrir a porta" à tese que defende que foi a Al Qaida que matou. Amanhã a esta hora saberemos se a manobra deu resultado.

Horas depois... 

No Memorável de hoje:

- Horas depois, o MI admite que foram árabes radicais... (ABC, Madrid)
- MI diz qua não há motivo para não ser a ETA (ABC, Madrid)
- MNE manda embaixadores dizerem que foi a ETA (La Vanguardia, Barcelona)
- Aznar insiste na tese da ETA (La Vanguardia, Barcelona)

sexta-feira, março 12, 2004

Quando? (2) 

Tudo indica que só depois do próximo domingo. Nesse dia de eleições, saberemos se o esforço de Aznar ao culpabilizar a ETA trouxe votos ao PP; nos seguintes... veremos o que acontece.

(desconfio que se o PP conseguir a maioria absoluta, a versão política da versão policial poderá "conceder" responsabilidades à Al Qaida; se o PP for apenas o mais votado, poderá insistir na tese do terrorismo étnico, no caso o basco; se vencer o PSOE, a versão política da versão policial poderá acusar explicitamente os islamitas)

Quer dizer: pode acontecer que a polícia não possa revelar publicamente a verdade policial.

"Avui, nosaltres també som madrilenys" 

No Memorável de hoje:

- HUDF: Hubble ultra deep field (Le Figaro, Paris)
- Los políticos regionales... (The Wall Street Journal, Nova York)
- "Uno de los pilares de la alianza de cruzados" (La Vanguardia, Barcelona)
- "Avui, nosaltres també som madrilenys" (La Vanguardia, Barcelona)
- Madrid, 11 de Marzo (ABC, Madrid)

quinta-feira, março 11, 2004

Quando? (1) 

Se foi a ETA, o PP ganha domingo as eleições em Espanha com maioria absoluta. Se foi a Al Qaida, não a obtém, pois muitos vão culpar o governo de Aznar por ter apoiado os americanos na guerra do Iraque e, assim, ter exposto os espanhóis ao ódio dos radicais islâmicos.

Neste contexto eleitoral, vai ser interessante saber quando é que a polícia dirá que descobriu a verdade e quando é que a mesma será publicamente revelada.

É a sério 

O massacre não aconteceu do outro lado do Atlântico, nem nos confins do Pacífico. As bombas estoiraram a apenas 425 km daqui, não sei exactamente a quantos de Paris, Berlim e Roma, mas são poucos.

Ontem, para muito europeu a essência da guerra global de guerrilha declarada pelos islâmicos radicais era... de conceitos, de palavras e de pequenos pormenores em que até podia haver sangue humano, especialmente de americanos. Hoje, espero que tenham entendido que é a sério, que a luta deles é também contra nós, que o combate é de morte e que... não esqueçam que já há inocentes europeus assassinados.

Pior? 

Depois da carnificina de 11 de Setembro de 2001 nos Estados Unidos, a carnificina de hoje em Madrid, na Europa. Mais um ataque dos árabes radicais contra o Ocidente, nesta mundial guerra de guerrilha em que já estão a combater - diariamente - centenas de milhares de homens e mulheres. É assim que neste momento olho os atentados terroristas que neste 11 de Março mataram em Espanha 192 inocentes e feriram 1400, muitos dos quais podem ainda falecer.

Mas se foi a ETA, é pior. A ser o caso, a Al Qaida tem eficazes aliados aqui dentro e nem precisa de cá vir.

Obrigado aos dois! 

Hoje, há 20 820 dias, uma terça-feira, a esta hora já eu me preparava para a minha primeira aventura: sair de dentro da barriga da minha mãe. Os preparativos prolongaram-se por cerca de 2 horas, com a ajuda dela; tipo astronauta (eu) comandado pela controladora da missão (ela) para eu sair da nave para o espaço. Um astroduarte.

Atravessei o desconhecido, muito apertado e lentamente; quando finalmente cheguei cá fora, descomprimi, desatei aos berros e... levei as primeiras palmadas. Também os primeiros carinhos.

Foi o dia mais importante da minha vida. Obrigado, mãe e pai!

Depois desta tive mais aventuras, muitas, mas que neste dia são irrelevantes. Hoje só quero agradecer aos dois: a ti, velhota, dou-te um beijo logo ao almoço. E a ti, meu - desculpem a lágrima - apenas me resta dar-te uma flor no cemitério, o que farei logo pela manhã.

Mais um desabafo: desculpem, os dois, não lhes ter dado só alegrias; a ti em vida e a ti até hoje.

quarta-feira, março 10, 2004

Anormal 

O telescópio espacial "Hubble" (ler abaixo ou aqui) captou a luz emitida há mais de 13 mil milhões de anos por milhares de galáxias; e, certamente, ainda não se viu o fim do Universo.

Enquanto isso, entre nós, no planeta Terra, milhões de pessoas continuam a acreditar que a mulher foi criada há sete ou oito mil anos a partir da costela de um homem, por um deus anormal, tricéfalo e a cujas cabeças deram o nome de Pai, Filho e Espírito Santo. Obscurantismo.

Há mais de 13 mil milhões de anos... 

No Memorável de hoje:

- O Hubble captou a luz emitida há mais de 13 mil milhões de anos por milhares de galáxias! (ABC, Madrid)
- Laetitia enfrenta o violador (Le Soir, Bruxelas)
- Como se formam os odores nos cérebros dos insectos (Ambiente Brasil)

Sinais do atraso - 32 

Exactamente
Há exactamente 14 dias foi substituído naquela avenida o tapete de alcatrão. Estava gasto, muito irregular. A operação foi rápida: o novo piso demorou menos de 24 horas a ser colocado. Havia lá, marcadas no chão, duas passadeiras para peões que, como é óbvio, foram apagadas durante as obras. A primeira dava para uma paragem de autocarros; a segunda para uma zona comercial; ambas muito frequentadas.

Passadas duas semanas, as passadeiras ainda não foram novamente pintadas. O que, claro, devia ter sido feito há exactamente 13 dias, para evitar sérios riscos de vida às muitas centenas de pessoas que precisam de atravessar, diariamente, a dita avenida, agora aventurando-se desarmadas no meio daquela selva de automóveis e automobilistas.

terça-feira, março 09, 2004

Seguramente 

Afirmação do ministro da Presidência, Morais Sarmento, num debate com estudantes da Escola Secundária de Linda-a-Velha no Dia Internacional da Mulher, revelada pelo jornal "Público" na edição de hoje:

Mais do que a guerra, mais do que a fome, mais do que os acidentes de viação ou qualquer outra razão, a principal causa da morte de mulheres no mundo é a violência doméstica.

Um disparate; se hoje morreram 10 000, seguramente que 5 001, pelo menos, não se foram devido a porrada do marido.

Sarmento é um braço direito do Primeiro Ministro, um tipo "importante". E a frase dele revela muito bem o nível de qualidade do nosso pessoal político - muito baixo - a falta de rigor, a leviandade, a superficialidade com que estes indivíduos elaboram os seus raciocínios e, depois, claro, tomam as suas decisões.

Mais um "pormenor": se um braço direito é assim, o cérebro que está em cima do tronco não pode seguramente ser muito melhor.

A Terra já foi de gelo? 

No Memorável de hoje:

- A Terra já foi completamente gelada? (Le Temps, Genève)
- Beagle caiu por erro de cálculo da densidade atmosférica (Jornal do Brasil, Rio)

segunda-feira, março 08, 2004

O homem é o futuro do feminismo 

No Memorável de hoje:

- O homem é o futuro do feminismo (Le Temps, Genève)
- Pequim ataca as desigualdades sociais (Le Figaro, Paris)
- Os cérebros feminino e masculino processam a pornografia de forma diferente (La Vanguardia, Barcelona)
- Arafat ordena o recomeço das execuções (ABC, Madrid)
- ETA está na mão de apenas 10 cabecilhas (ABC, Madrid)

domingo, março 07, 2004

A malta pensa 

Segundo a sondagem que o "Correio da Manhã" hoje revelou, a maioria absoluta dos portugueses (69,4%) vai abster-se nas eleições de Junho para o Parlamento Europeu. Acho normal.

A malta pensa, com razão, que esse parlamento não aquece nem arrefece; isto é, não serve para nada de relevante.
A malta pensa assim porque sabe o que se faz no nacional, a Assembleia da República; isto é, nada de importante.

Atenção, que a malta pensa!

A malta pensa que nos parlamentos há muita palavra e de baixa qualidade, poucos argumentos e demasiado falatório.
A malta pensa que o trabalho útil (o que fica para a História) de 200 ou 300 deputados podia ser feito, e melhor, por 5 ou 6 cidadãos.
A malta pensa que os grandes parlamentos são meras figuras decorativas da democracia.
A malta pensa que são decorações muito caras.

Além de que a malta desconfia da Europa e prefere Portugal inteiro como há quase 900 anos - com excepção dos 60 (1580 - 1640) sob domínio espanhol. Aliás, humilhação, estou certo, que a malta, nacionalista, ainda não esqueceu.

O Spirit confirmou 

No Memorável de hoje:

- Quem pode decidir as eleições nos EUA (BBC Brasil)
- Spirit confirma indícios de água em Marte (ABC, Madrid)

sábado, março 06, 2004

Ruindades 

104. O semanário Expresso informa que "Quase 40% do que Portugal importa vem de Espanha. E quase 30% do que exporta vai para Espanha." E por causa disso diz - com grande destaque - que "A Ibéria já é uma realidade". A ilustrar, publica um desenho em que os dois países aparecem num único fundo amarelo, sem fronteiras e ligados por um anel branco.

Primeiro: 30 e 40 ainda estão longe da maioria.
Segundo: maioria é mais de 50.
Terceiro: trocamos bens porque sai mais barato.
Quarto: sai mais barato porque estamos perto.
Quinto: estamos perto e os transportes custam menos.
Sexto: custam menos do que ir a Paris ou a Berlim.
Sétimo: custam menos do que vir de Paris ou Berlim.
Oitavo: trocamos bens por razões de preço.

Isto é, a "Ibéria" do Expresso não existe. O que existe é proximidade geográfica entre os dois únicos países da Península Ibérica e trocas comerciais que, por causa da menor distância, beneficiam. Por outras palavras: o director daquele hebdomadário - que há três ou quatro semamas defendeu que não se justifica a existência de Portugal e que nos deveriamos integrar em Espanha - foi buscar uns numerozitos para tentar dar consistência à sua tese... e acabou a dar um tiro no próprio pé.

Como muita gente nos jornais, o homem efabulou fora da realidade. Olhou a miragem e ficou convencido de que viu o real.

Agradecido 

Obrigado a quem se preocupou, especialmente ao Herberto e a Shidua: amicão está melhor e quase bom. Também muito mariquinhas: se lhe faço festas na cabeça, logo se senta e logo depois se deita de barriga para o ar, este puto de 70 kg e mais de 1 metro de comprido. Marotão, gostou dos mimos que dei na doença. Quer mais. E dou-lhos. Gosta que lhe coçe o pescoço, que lhe pegue nas patas, lhe dê uns piparotes na barriga e umas palmadinhas nos lados. Por ele, dá-me umas lambidinhas na mão e faz que quer mordiscar-me com as suas dentuças.

Está aqui, a olhar para mim, imagino que agradecido por este meu agradecimento.

sexta-feira, março 05, 2004

Corrido 

Contaram-me que um governante pensa em multar os portugueses que não separarem o lixo doméstico e não o depositarem, separado, nos caixotões do "Vidro", "Cartão/Papel" e "Embalagens".

Tudo bem. E porque a eficácia é uma exigência - e uma lei é ineficaz quando incumprível ou incumprida - vamos ajudar o palerma a equacionar o problema: meios para cumprir a sua vontade e o que fazer na falta deles.

1º - Não pode, claramente, adoptar-se a melhor solução em teoria: um polícia incorruptível de vigia e de guarda a cada caixote do lixo. Não é que a ideia seja má... mas é impossível de concretizar com uma significativa taxa de sucesso. Na verdade, para cobrir as 24 horas seriam necessários 3 agentes em cada lar, isto sem contabilizar as folgas, as férias e os administrativos. Além de que teria que se contar com os corruptos, talvez uns 80%, aqueles que fechariam os olhos à infração a troco de um favor monetário ou sexual, da dona ou do dono da casa. Há também problemas operacionais, entre eles como manter o guarda vigilante na cozinha, sentado ou em pé, expressamente proibido de desviar os olhos do caixotinho para prevenir qualquer tipo de armadilha. Imagine-se, por exemplo, que no apartamento viviam duas moças; uma podia muito bem alçar a perna ou baloiçar as ancas... enquanto a outra se raspava escada abaixo sem separar o vidro das cervejas dos restos do jantar.

2º - O intermédio também não é solução. Em vez de policiar cada saco em seu domicílio, poder-se-ia, alegadamente, colocar um video de vigilância na rua, em cada caixotão. Mas não dá. Não apenas o cidadão podia ir despejar o lixo disfarçado, até com uma máscara das operações especiais, como seguramente podia levar o saco fechado. A câmara não captava a infração.

3º - Resta o primário: um polícia dia e noite em cada conjunto dos três citados caixotões que estão espalhados pelo País ou a demissão imediata do governante que pensa no decreto para a multa.

Quanto à primeira alternativa, é impraticável pois não há meios financeiros nem humanos; realmente onde ir buscar uns quarenta ou cinquenta mil novos agentes e dinheiro para lhes pagar?

Resta a segunda. E haveria certamente muitos aplausos e gargalhadas na tomada de posse do substituto do corrido... Sim, porque o caso é mesmo para rir.

Palestina, caos e anarquia... 

Depois de se ler a reportagem do ABC, percebe-se melhor porque a Palestina ainda não é um Estado e porque Israel está a construir o muro. No Memorável de hoje:

- Identificados 1,2 milhões de novos genes em microorganismos marinhos (ABC, Madrid)
- Descoberto um dos mais antigos hominídios que precederam os humanos (ABC, Madrid)
- Palestina, caos e anarquia... (ABC, Madrid)

quinta-feira, março 04, 2004

Tremuras 

Tremo, aflito, assustado
Ele respira, mas não sei até quando.

Tremo, aflito, angustiado
Coração bate, mas não sei até quando.

Tremo, aflito, destroçado
Ele está doente, mas não sei até quando.

Tremo, aflito, arrasado
Ivan está vivo, mas não sei até quando.

1 fado e 2 fugitivos 

As sondagens dizem que são 2 os cidadãos que os portugueses preferem para Presidente da República: Cavaco Silva pela direita, e António Guterres pela esquerda.

São 2 homens que têm 2 coisas em comum: foram Primeiros Ministros e ambos fugiram, nessa qualidade, da vida política. Cavaco em 1994, quando não se recandidatou à chefia do Partido Social Democrata (PSD), supostamente porque se sentia incapaz; Guterres no fim de 2001, quando se demitiu da chefia do Governo, alegadamente porque o Partido Socialista (PS) perdeu umas eleições regionais. Os 2 têm outra coisa em comum: provocam derrotas. Cavaco provocou a derrota do PSD nas eleições legislativas de 1995 e Guterres provocou a derrota do PS nas eleições legislativas de 2002.

Engraçadas coincidências, não é?

Não, não têm graça. São o drama deste país de saudosistas, de tristes fadistas, de sofredores que preferem fugitivos a empreendedores. Que preferem a desgraça do certo e que detestam o risco pela riqueza no incerto.

A guerra mundial em curso 

É o título que José Pacheco Pereira deu ao texto que hoje publica e que recomendo. No Memorável pode também ler uma entrevista com um filho do coronel Kadhafi e seu provável sucessor, além de opiniões sobre um tema do momento, a vida em Marte.

- Saif Al-Islam Kadhafi, em nome do pai (Le Monde, Paris)
- Onde estarão os marcianos? (La Vanguardia, Barcelona)
- A guerra mundial em curso (Público, Lisboa)

quarta-feira, março 03, 2004

Chateote 

Tou chateote.

Penso:
Ou çê falou
Do coração
Ou çê falou
Sem ele.

Tou chateote.

Receio:
Çê com seu
Coração
Sem ele
Prá tu e mim.

Tou chateote.

Ruindades 

103. O Primeiro Ministro disse que a Bolsa portuguesa cresceu no ano passado e que não viu, nesse crescimento, uma "bolha especulativa".

Mas o real é que comprar e vender acções de empresas cotadas na Bolsa é mesmo uma actividade especulativa (com altos e baixos, bolhas e vazios) e não passa disto mesmo: alguns "investidores" compram uns papéis quando o preço está barato, vendem quando está caro e, no intervalo, seus corações sofrem pelas cotações. Disparate pensar o contrário, que quem compra 1000 acções da Portucel ou 200 do BCP... quer ser sócio da papeleira ou do banco.

Que pretendia então o homem dizer com aquela da "bolha especulativa"? Qual a "mensagem"? Certamente garantir que o alegado crescimento se deve a medidas - reais, concretas e de eficácia duradoura - do seu governo e a nada de efémero, passageiro e intangível. Enganou-se.

Ou um mar ou um lago 

No Memorável de hoje, um texto do jornal ABC, de Madrid: o Opportunity está no fundo seco do que já foi um mar ou um lago

Matou, morreu 

Um cidadão belga, de nome Marc Dutroux, pedófilo, está a ser julgado por um tribunal, acusado de ter raptado algumas rapariguinhas, de as ter torturado e violado, e de ter assassinado pelo menos quatro. As provas dos crimes são evidentes e nem precisam da formalidade de um aval de um juiz.

É triste perder-se tempo e gastar-se, mal gasto, dinheiro dos impostos. O homem matou, pelo menos, quatro vezes; a pena, para ele, já devia ter sido a da morte, enforcado ou injectado.

(Mais, em jeito de desabafo: na evidente impossibilidade de ser morto pelo menos quatro vezes, a morte deste assassino deveria ser precedida de algumas terapias para lhe prolongar o sofrimento. Piores do que as brutalidades com que se divertiu fazendo sofrer as suas jovens vítimas durante meses. Tipo diminuir-lhe o corpo, com cortes da carne e dos ossos à média de 1 palmo por dia - claro, sem nada de anestesias e estancando-lhe sempre o sangue, até ser possível, para ele não se esvair ao fim de meia hora - antecedendo cada uma destas cirurgias de farta porrada nos rins e no focinho. Também me lembrei de o manter sempre com um ferro espetado fundo no ânus - periodicamente manipulado para lhe ir rompendo todo o intestino - e de lhe pendurar um peso de 5 kgs nos tomates, por forma a ele sentir, segundo a segundo, o contrário do que sentiu dentro das pobres criancitas.)

A sério: sou, como um Nobel da Paz de Timor, Ramos Horta, a favor da pena de morte, indolor, para homicidas comprovados. Com o epitáfio "Matou, morreu".

terça-feira, março 02, 2004

Sinais do atraso - 31 

Irrelevante
O Parlamento vai, amanhã, voltar a discutir a questão da despenalização do aborto. Na falta de soluções para o importante - para o desemprego, para os baixos salários de quase toda a gente, para o crescente desinteresse dos mercados pelos poucos produtos que exportamos, para as causas que tornam os nossos produtos mais caros, para o nosso baixo nível educativo e competitivo, etc, etc, etc - aqueles políticos vão entreter-se com pormenores irrelevantes.

Ou não é verdade que quem quer aborta e nunca nenhuma mulher foi condenada e presa por isso?

Impunes
A maçã "Golden" está, na Cooperativa dos Fruticultores, a 0,50 euros/kg. No mesmo dia, num supermercado de média dimensão, o "Pingo Doce", o quilo da "Golden" está a 1,29 euros para peças do mesmo calibre e qualidade de conservação.

Se a "Golden" da Cooperativa fosse vendida naquele supermercado com uma margem de lucro superior 20 vezes àquela que os bancos nos pagam, em média, pelo nosso dinheiro, teríamos que o preço da dita maçã seria, ali, de apenas 0,60 euros. Menos de metade do que é.

Ou a Cooperativa é incompetente por não vender ao supermercado, ou o supermercado é gatuno por roubar os clientes. Mas estão os dois tranquilos, pois nenhum será punido.

Confirmado: houve rios em Marte 

Tudo no Memorável de hoje é sobre esta extraordinária confirmação. Talvez também lá tenham existido oceanos...

- "A água correu entre estas rochas" (Le Monde, Paris)
- Na atmosfera do Planeta Vermelho também há peróxido de hidrogénio (ABC, Madrid)
- Mineral descoberto em Espanha explica a existência da água (ABC, Madrid)
- NASA confirma que Marte teve água em estado líquido (ABC, Madrid)
- Meridiani Planum esteve coberta de água (Le Soir, Bruxelas)

segunda-feira, março 01, 2004

Georeligião 

Dado que estamos de novo em guerra com os mouros - ou, dito de outra forma, que Muçulmanos declararam guerra ao Ocidente, este respondeu e os combates prosseguem - é importante conhecer o pensamento do inimigo. Leiam isto e depois conversamos.

É como se a Bíblia, com os Evangelhos, fosse a Constituição da União Europeia, ou dos EUA, ou do Mercosul, ou de todos os espaços de influência dos Papas de Roma. Tal e qual nos princípios e talvez menos fundamentalista nos pormenores de execução. Um destes, para exemplo: o Vaticano não tem um exército de bombistas-suicidas.

Também é verdade que os Árabes não têm um Vaticano, um comando único, e que isso os prejudica. Problemas de georeligião e, depois, de geopolítica.

«No disparen, no disparen; soy miembro de ETA y llevo una bomba» 

É o título de uma notícia do jornal madrileno ABC que pode ser lida no Memorável de hoje.

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