<$BlogRSDUrl$>

terça-feira, setembro 30, 2003

Ruindades 

024. O Papa, segundo os católicos, é o representante de Deus na Terra e, claro, é infalível.
Então digam-nos os estudantes de teologia desta religião: que está a Divindade a fazer com João Paulo II? crueldade? castigo? porque o exibe fraco, doente, por vezes com ar de mongo? e porque insiste Deus em ser representado por um homem à beira da morte, física e mentalmente diminuído? Deus não tem poder para designar um representante com saúde? ou não é preciso, porque Ele a todo o momento lhe diz o que ele deve dizer, e o velhinho só tem de repetir?
A sério: porque pensam que são "mistérios"?

Ruindades 

021. O professor Rosado Fernandes chamou, no Congresso do PP que terminou no domingo, "bolor" ao dr. Mário Soares. Quer dizer: "mofo", "caruncho", "bafio". O professor não foi um humorista; foi um jornalista.

022. Comentadores desportivos profissionais - e muitos milhões de anónimos - falam de futebol como se a bola de Ciência se tratasse e dando a ideia de que são cientistas. Mas não será verdade que futebol é só um jogo - aleatório como todos - uma coisa de milagre e onde o milagre se vê em cada imprevisto, nos malabarismos de pé e cabeça, nos disparates de árbitros, nos dislates de dirigentes? E que sem alguma batota era uma chatice?

023. No IP5 - há quem o chame de "estrada da morte" e muitos já lá morreram - ninguém está a cumprir os limites de velocidade (90) a não ser quando obrigado a circular a 50-60 km/hora atrás de um pesado camião. Pergunta-se se é para continuar assim.

segunda-feira, setembro 29, 2003

Crueldades... e a bala de cartão 

Esta semana há uma greve - começou hoje - nos transportes fluviais do Tejo. Dezenas de milhar de pessoas estão a ser prejudicadas.

Porquê? A avaliar pelos noticiários das rádios, porque 30 ou 40 trabalhadores da empresa transportadora receiam que a introdução de novos barcos conduza à redução de postos de trabalho. Talvez uns 10 ou 20.

Estes poucos grevistas são uns abusadores. Para alegadamente se defenderam, não hesitam em prejudicar dezenas de milhar de inocentes.

E são também uns tontos. Devem achar que com os barcos antigos poderiam manter-se os actuais preços dos bilhetes, ou então pensam que o aumento não é conta do seu rosário, mas tão só do rosário dos transportados.

Duplo erro, até agora: prejudicar dezenas de milhar e lutar com o efeito "colateral" de os mesmos milhares pagarem mais. Crueldades, não é?

Mas há mais. E pior. E erro fatal. Estes grevistas e os seus mandantes ainda não perceberam que a greve já não é "a" arma. Agita, complica, mas não passa de bala de cartão.

Atrevidos 

Foi publicado hoje em França um estudo notícia aqui em que se sublinham as dificuldades encontradas para avaliar a dimensão e as consequências da economia paralela naquele país. Tão difícil de estudar... que lá nem se consegue uma definição para tal "conceito" e para tal realidade.

Pois bem. Aqui entre nós, no celebrado estudo "Portugal 2010: Acelerar o crescimento da produtividade" - pode ler as conclusões aqui - tudo é certeza e até está quantificado. E até se diz que a economia paralela, cá denominada de "informalidade", é a principal barreira à "produtividade".

São uns atrevidos, os redactores do "Portugal 2010". Tão atrevidos que, além de quantificarem o inquantificável, se atrevem a não nos brindar com o seu conceito de "produtividade". Que será "produtividade" para eles?

sábado, setembro 27, 2003

Ruindades 

019. Prossegue a luta de João Soares, filho de Mário Soares, pela liderança do PS. Cada vez mais às claras, como hoje no almoço com apoiantes em Alpiarça... embora jurando sempre que só quer ajudar a actual direção do partido. Não é mesmo verdade que sai ao pai, este aprendiz de habilidoso?

020. A Marta dos anúncios. "Fala a Marta", etc. É ela que já não tem o mesmo encanto no sorriso ou é o câmera que não o sabe captar?

Em defesa do gay 

No mesmo dia em que a nigeriana Amina Lawal era absolvida e escapava à morte por lapidação, no mesmo país um outro tribunal islâmico condenava um jovem de 20 anos a ser lapidado: a ser enterrado até ao pescoço e, nessa posição, a ser apedrejado até morrer. No caso de Amina, a acusação era a de ter tido sexo extra-conjugal de que resultou uma criança; no caso Jibrin Babaji, é a de ter sodomizado três miúdos.

No primeiro caso assistiu-se a um forte protesto internacional, e a cabeça de Amina não será esmigalhada à pedrada - muito por isso, ou só por isso. No segundo caso, estamos perante um silêncio total.

Pergunta-se porquê. Será que a barbárie não é a mesma e merecedora da mesma mobilização do mundo livre?

Pois parece que não. E parece que não - acho eu - porque o sexo de uma mulher fora do casamento é mais excitante - "mediático" - do que a pederastia.

Em termos de preferências sexuais, eu não quero pederasta na cama, em pé ou sentado e também me excita mulher comprometida ou pré-divorciada, embora não só essas. Mas eu acho que o pobre do sodomita Jibrin tem o direito a viver. E deveria penar na cadeia, como os pedófilos lusos. É por isso que, tanto quanto sei no momento, sou o primeiro a protestar formalmente contra a lapidação do gay nigeriano.

A sofrida vitória de Vincent 

1. Vincent Humbert teve um acidente de moto aos 20 anos, em 24 de Setembro de 2000. Ficou tetraplégico, cego e mudo, e os médicos comunicaram que assim seria até ao fim da vida.

2. Perante tal perspectiva, tomou a decisão de morrer. Mas não podia morrer sozinho, estava inválido, precisava que alguém o ajudasse a matar-se sem que esse alguém viesse a ser acusado pelos tribunais de um crime. Então lembrou-se de escrever a quem simboliza a Lei; escreveu ao presidente do seu país, Jacques Chirac, a pedir-lhe a "graça", a esmola, de se libertar do atroz sofrimento. O político disse "não", assim o condenando a continuar a sofrer.

3. É doloroso imaginar Vincent na sua cama, no seu leito de tão triste vida. E compreende-se muito bem que ele tenha recorrido à única pessoa que, por amor, o poderia a ajudar: a mãe. Ela concordou. E - com a ajuda dela - Vincent escreveu um livro, "Peço-lhes o direito de morrer", certamente com a ideia de agradecer à mãe a morte, de a ilibar do "crime" de o ter salvo do sofrimento e de nos explicar o que sucedeu. No livro ele suplica: "Só quero que me compreendam. Que se compreenda porque peço à minha mãe que me mate por amor".

4. Combinaram duas coisas: que o livro seria lançado exactamente 3 anos após o acidente e que esse seria o dia da libertação: 24 de Setembro de 2003. Há três dias o livro foi lançado e Marie Humbert deu-lhe a dose letal. E contou aos médicos o que tinha feito.

5. Eles correram para o "paciente" e, na emergência, "salvaram-no": não morria e ficava em coma. Felizmente, arrependeram-se. Passadas poucas horas, os médicos tomavam consciência do seu erro e decidiram "limitar as terapêuticas activas", tendo em conta "o quadro clínico, a sua evolução e os desejos tantas vezes manifestados" pelo paciente. Chegava ao fim o calvário de Vincent, mais de 1000 dias depois.

6. Só as religiões e alguns políticos nos roubam o direito de morrer. (debate aqui e aqui) Só eles, com argumentos da mais pura irracionalidade, com uma hipocrisia sem limites, têm coragem para condenar milhares e milhares de pessoas a sofrer. Em nome do imaginado por eles, isto é, em nome de palavras, meras palavras sem significado no Universo.

quinta-feira, setembro 25, 2003

Ruindades 

016. Os investigadores criminais da PSP já não têm telemóveis de serviço, pois no Estado dizem que não há dinheiro para pagar as chamadas. Aparecem todos os dias sinais do atraso português. Este não é dos menores, pois não?

017. Grande parte dos noticiários continua a ser ocupado com pedofilia e com tanto ruído que não se ouve o essencial. Um dos advogados dos arguidos reafirmou há pouco - com ar decidido - que os seis que estão presos "não sabem porque estão presos". Não é verdade que ele esquece que todo o Portugal sabe?

018. Ainda neste caso da pedofilia, hoje nas tv's foi uma chafurdice de minudências processuais para quem quer - apenas e simplesmente - saber se os arguidos usaram e abusaram sexualmente, ou não, de crianças da Casa Pia. "O processo" para aqui, "o processo" para ali. Não é de desconfiar que este recurso a tais minudências acontece porque não há outra forma de defender quem é culpado?

Cúmplices 

No self-service da estação de serviço de Estarreja, na auto-estrada que liga Lisboa ao Porto, uma garrafinha de 0,33 litros de água "Vitalis" - a única que lá se vende - custa 90 cêntimos de euro, 180 escudos. Estranhei tanto dinheiro por tão pouca água.

Chegado ao destino, fui ao "Pingo Doce". Procurei a mesma marca para ver o preço. Vi. Meio litro daquela água (0,5 litros) ali custa 7 cêntimos, 14 escudos. O que significa que os 0,33 litros custariam cerca de 9 escudos.

E vem a pergunta. É legal esta roubalheira que ocorre naquela estação de serviço? O que vale 9 escudos num estabelecimento pode valer 180 noutro?

Desconfio que sim; desconfio que o fisco é cúmplice da ladroagem do dono do restaurante. Afinal, ganha um e ganha o outro: o fisco no IVA e, o dono, da nossa sede. Dito de outra maneira: quanto mais o dono nos rouba, mais o fisco ganha.

Lavadeiras 

Todo o branco que aportava antigamente às ilhas de São Tomé e Príncipe - pode dizer-se que até à independência do arquipélago, em 1975 - arranjava uma "lavadeira". Lavadeira era uma preta, de preferência jovem e bonita, com uns seus 17 ou 18 anos, que servia para lavar a roupa do branco, para fazer a comida do branco, para limpar a casa do branco e para onde o branco despejava o esperma.

Por vezes, acontecia que a lavadeira engravidava. E, claro, o branco tinha de regressar à "metrópole", à sua terrinha em Portugal. Normalmente, a criança ficava lá esquecida com a mãe; mas há alguns casos, como o de que a SIC hoje falou, em que o branco trazia a filha e abandonava lá a mãe. O homem tinha gozado na mulher, tinha-se servido dela para a comida, para o asseio da casa, para a roupa... mas era uma vergonha carregar para a metrópole a pobre e preta lavadeira.

Acalmava a consciência trazer a filha da dita. E, pior para ele - também muitas vezes um coitado - lá na terrinha, quase sempre, o homem ainda ia sofrer da vizinhança por regressar com o empecilho que lá havia feito. Também há casos em que a filha da dita tinha de lhe recolher o esperma, tal como a mãe o havia feito.

Quem viu a SIC ontem à noite, viu uma lavadeira reencontrar a filha que o branco lhe havia roubado. Vendo a cara da senhora, adivinha-se que a mãe dela também tinha tido aquela sina. Para mim, esta foi a história que a SIC não contou.

terça-feira, setembro 23, 2003

Shidua - 6 

(continuação)

Ai, foi melhor. Leiam o que a diaba me diz e me digam se não é um feitiço desta maldita-malvada feiticeira. Ela, a danada, vinda do imbondeiro, se acercou de mim e me largou - sem mais - um papel. E o papel tinha isto dedilhado:

"...E como se do nada, nua ela surgiu. Mal pisando a areia, sofregamente atenta - seu olhar explorava minuciosamente cada parte daquela terra que lhe é tão desejada e desconhecida, à procura dele. Em algum lugar ele ali se encontrava. Era questão de tempo encontrá-lo. E dele ela não dispunha. Mesmo assim fôra.
Por alguns instantes, condicionando quase certa frustação da busca ao momentãneo prazer de viver aquele lugar, deixou-se sentir sob seus pés a areia fina... o sol a afagar suas costas... aquele céu, que imaginara ser diferente do seu, a cobrir-lhe. Tudo ali respondia à sua expectativa. Tudo era exatamente como ela precisasse que fosse. O mar era mais extenso, e as árvores...essas se desalinhavam entre si e se confundiam com o solo com a mesma beleza que ela encontra nos olhar dele. Sem mais permitir-lhe o tempo a busca, abruptamente ela decide voltar. Sabe que virá as vezes que se fizerem necessárias ao encontro dele. E, como surgiu, se foi.
"

E sabem o que ela fez depois de eu reler e trisler este feitiço? Esperou o fim da tri-leitura e fugiu ao meu beijo.

(continua)

Julieta e Teresa 

Duas vidas de tragédia.

Primeiro, a de Julieta. Está com 85 anos. Casou cerca dos 20 com um tipo da mesma idade, e ao longo de 65 anos - ele morreu este ano - foi apenas a criada dele. "Deu-lhe" três filhos, almoço e jantar sempre à hora certa, roupa bem lavada e bem passada, casa arrumada. Nunca discutiu uma ordem do marido, teve de se aprimorar na cozinha, não saía à rua e nem conversava com os vizinhos, acho que nunca olhou de frente um homem. Esta foi a história da vida de Julieta até ele morrer há poucos meses.
Dá gosto ver esta mulher agora: aos 85 anos começou a ir à rua, ver montras, ver pessoas sem ser do alto da janela e, imagine-se, até convida vizinhos para irem à sua casa da aldeia por altura das festas anuais. Mais: até caminha sem a bengala.

Agora, a de Teresa. Está com uns 75 anos. Professora primária, órfã de pai cerca dos 30, viveu com a mãe até Janeiro deste ano, até à velhota morrer. Sozinhas as duas, por imposição da mãe que lhe proibiu todos os amores, que lhe vigiava as conversas e os comportamentos como se a filha fosse uma criança, que lhe tornava a vida ainda mais insuportável quando ela se atrasava 5 minutos no regresso a casa, mesmo quando Teresa tinha 50, 60 e 70 anos feitos. Só visto.
Morta e enterrada a mãe, saibam o que Teresa fez: saiu da casa onde sofreu calada e muito revoltada mais de 30 anos, deu as mobílias a quem as quis, deixou para trás a cidade e foi viver com o homem de quem gosta há 40 anos e que nunca havia tocado e que tinha conseguido esconder da mãe.

Duas vidas de tragédia. E, penso, lá no íntimo das duas velhas senhoras - embora talvez de forma pouco consciente - com um final de vingança. Acho que Julieta está a rir-se e a enganar todos os dias o coitado do marido e Teresa a enterrar todos os dias a odiada mãe.

Elas existem. Eu conheço-as. Eu estive na casa de aldeia de Julieta ontem. E eu vou visitar Teresa um destes dias.

Ruindades 

014. O conhecido advogado brasileiro de Fátima Felgueiras, Paulo Ramalho, especialista em casos difíceis, vem a Portugal ajudar os advogados de Carlos Cruz no processo pedofilia-Casa Pia. Disfarçado de advogado de Marluce, a ex-mulher do apresentador e que não é acusada de nada. Parece um último recurso...

015. A RTP-2 mostra-nos como foram assassinados nos Açores três animais em cativeiro (2 leoas e 1 tigre) e entrevista o chefe do Instituto de Conservação da Natureza. Haverá alguém que, na primeira reação ao ver as imagens, não pense que os assassinos deviam ser assassinados? E que o negligente chefe - o crime aconteceu há mais de 2 meses e ainda não há responsáveis- já devia estar na rua? Melhor... no mato, desarmado e frente a 4 leões esfomeados.

segunda-feira, setembro 22, 2003

Shidua - 5 

(continuação)

Bem, ela não ouviu, pois não lhe gritei o dito; eu só o sussurrei na minha mente, quando o sentia no galope do meu coração e nas tonturas (prazeirosas) do meu corpo.

Esperem, Shidua parou de pasmar (de rir já tinha parado) e está agora a olhar para aqui. Ai, acenou-me. Ai, mais com o olhar do que com a mão. Diaba. A diaba sabia da minha perseguição. Até é maldita. Muito malvada. Maldita malvada. Agora sei que ela não estava temerosa e envergonhada quando para o mato correu, depois de ter falado "sim" à pergunta de "tu me quer".

Correu não temerosa, porque me chama; envergonhada, muito menos, porque se atreve. Porque correu então, parecendo fugida de mim? Vou querer que foi para me dizer o "sim" nos fundos do mar, rompendo o silêncio da peixaria; repeti-lo do alto dos coqueiros e no topo das palmas, abafando os sons da passarada e, a sós comigo, o sussurrar no meu ouvido. Com meu rosto em suas mãos, vergado como escravo e a ela submisso. Shidua é muito querida.

(continua)

Ruindades 

011. O PR falou hoje na Assembleia Geral das Nações Unidas e, pelo que se viu nas tv´s, colocou a luta contra o terrorismo a par da luta contra a SIDA, chegando a dizer que esta, a SIDA, é a "grande questão da nossa civilização". Incrédulo, corri para a página da Presidência na rede, ansioso - como português - por me libertar da vergonha que estava a sentir por tal dislate; o que só poderia acontecer constatando eu próprio que o que tinha ouvido era mentira. Mas o discurso não está lá. Então eu pensei que os funcionários da PR tiveram ainda mais vergonha do que eu.
E senti-me tentado a dizer ao Presidente que morre mais gente de cancro e de malária. Mas não vale a pena.

012. Como vai o marketing do governo resistir a Pacheco Pereira aos domingos na SIC, Marcelo Rebelo de Sousa no mesmo dia na TVI e Pedro Santana Lopes às terças, também na SIC? Irresistível...

013. Porque não tiram as olheiras de Fátima Campos Ferreira, no jornal das 22 horas na RTP-2? Não se consegue, já não dá, não querem, ou não sabem?

Taramelar 

1. Parece que o governo está a pensar no "lay-off" e em depedimento colectivo na função pública. Isto é, em suspensão temporária de trabalho quando houver pouco para fazer nas repartições e em "rua" quando se verifique uma "redução grave e anormal" de actividade nas mesmas.

2. Três questões:

a) para que raio se metem em sarilhos, incomodam centenas de milhar de pessoas e ouvem o que preferiam não ouvir de sindicatos, de amigos e inimigos... quando toda a gente sabe que nenhum governo (PSD-PP, PSD, PSD-PS, PS, PS-PCP-BE) teria a coragem de aplicar tais medidas?

b) e porque não se envergonham por pensarem em tais medidas, quando é evidente que se há pouco para fazer ou redução anormal da actividade, a culpa é exclusivamente do governo? Então é admissível que o governo crie ou mantenha - com o nosso dinheiro - serviços onde haja pouco para fazer ou seja possível uma redução de actividade?

c) fizeram os "hospitais-empresa"; porque não pensam em fazer o "governo-empresa"? o "ministério-empresa"? a "empresa pública-empresa"?

3. São uns taralhocos com pouco para fazer. E só taramelam.

domingo, setembro 21, 2003

De almanaque 

Anda por aí grande barulheira sobre a mudança da hora, se deve adiantar ou atrasar, com muita opinião de técnicos, empresários, analistas e jornalistas. Problema é o do costume: opina-se... mas a leste do concreto, isto é, sem números exactos na cabeça. O que significa que se dizem palavras, palavras e mais palavras e nada mais. Barulheira de palavras.

Que falta para esse desagradável ruído terminar? Apenas um quadro em que estejam, dia a dia ou semana a semana, as horas em que o sol nascerá e se porá nestes meses até à próxima mudança da hora.

Com essa informação presente, poderiamos então debater - sem fazer barulho - o sono das criancinhas, as escolas, as empresas, os ritmos biológicos, os dias de adaptação, o turismo, as horas de deitar, a produtividade, a economia, o consumo de energia e por aí fora. Tudo isto ao londo de cada semana para, a seguir, se fazer o balanço das vantagens e inconvenientes no semestre. E muitos dos críticos de uma ou de outra opção teriam certamente surpresas.

Não é mesmo de almanaque?

Madraças e democracia 

O texto completo está na miscelânea de hoje (040), mas não resisto ao destaque seguinte e, depois, a duas perguntas.

"Assim como é improvável mudarmos a situação climática do mundo, não importando quantas conferências realizemos, dificilmente vamos impor nossos valores ao Oriente Médio, à Ásia ou à África."

Eu diria que é impossível impor-lhes os nossos valores. Por exemplo: alguém acredita que o Ocidente consegue impôr ao Islão o encerramento das madraças ou que consegue, pelo menos, alterar os programas destas escolas de religião?

E quer se transforme em facto provado a opinião de Simon Jenkins ou a deste imodesto ilhéu, não começa a parecer ridículo insistir em democratizar o Iraque?

sábado, setembro 20, 2003

Sugestão de gatunagem 

1. Um ministro (sem nome) anunciou ontem uma "criativa" ideia de governo: as empresas que operam na rede fixa de telefone ou de cabo deverão pagar às Câmaras um imposto, calculado sobre a receita que cada operador realiza junto dos habitantes de cada município. Claro que as ditas empresas não deixarão de fazer com que sejam os utentes daqueles serviços (nós) a pagar tal imposto.

2. Não quero ser menos "criativo" que tal ministro e, por isso, dou outra sugestão de gatunagem ao indivíduo: sugira no governo o imposto IMSAQMR - Imposto Municipal Sobre o Ar Que os Munícipes Respiram.

3. Tem lógica. Se pensam que devemos pagar às Câmaras por telefonar do velho aparelho e por ver tv, porque não pagar também por consumirmos ar dos municípios? Ou será que o ar não é um bem público? Podem até criar mais empresas municipais para a gestão do ar com, claro, funcionários amigos.

4. Idiotas.

Shidua - 4 

(continuação)

Ela continua lá e eu de vigia a ela. Ela, agora, no meu olhar de vigilante, aparece desconfiada e intranquila, meio taralhouca nos seus quereres e, a mim, me fazendo receios e revolvendo a tripa. Ela deve estar a pensar no momento, de certeza com seu pensamento tonto, em certas coisas que me disse, nas que não disse e nas outras, muitas, que, certamente, me ocultou, mas - e ela não sabe - eu adivinho. Danada, aquela revoltosa.

Shidua, mô, tu é um tesão.

(continua)

sexta-feira, setembro 19, 2003

Estranho 

Segundo o diário "Público", "o Governo anunciou hoje que irá aguardar pela "regeneração natural" da área ardida e só depois da Primavera irá avaliar se é necessário proceder a uma intervenção de reflorestação." Na íntegra aqui

Então que raio aconteceu à inovadora ideia de introduzir nas matas novas espécies, e o país deixar de ser um domínio do pinheiro e do eucalipto?

"Política" 

1. Leiam estas duas pérolas de perversidade.

A primeira:
O presidente da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e do Gana, John Kufuor, recusou hoje em Bissau reconhecer que a intentona de domingo na Guiné- Bissau teve o carácter de golpe de Estado. "No nosso entendimento, não houve um golpe de Estado na Guiné-Bissau", afirmou aos jornalistas Kufuor, que se deslocou a Bissau juntamente com os presidentes da Nigéria, Olusegun Obasanjo, e do Senegal, Abdoulaye Wade. "Nós os três viemos a Bissau para nos inteirarmos de uma situação que resulta da resignação de Kumba Ialá e que, neste momento, há um problema de sucessão". Na íntrega aqui

A segunda:
A União Europeia (UE) condenou hoje, em Bruxelas, o golpe de Estado de domingo na Guiné-Bissau, manifestando o seu apoio ao restabelecimento "rápido" dos princípios democráticos, através da realização de eleições a curto prazo. Na íntegra aqui

2. O presidente da CEDEAO diz que não houve golpe de Estado e a UE condena o golpe de Estado, mas de imediato o esquece e o desculpa, ao apoiar novas eleições... "Política", a Arte de Mentir ou a Arte de Enganar? Escolha.

quinta-feira, setembro 18, 2003

Shidua - 3 

(continuação)

Ela disse que sim. Viu, ouviu, ditos de amor e repetiu sim. Mas, achei que temerosa e envergonhada, correu para o mato. E, enquando corria na sua fugida, ela, criançola, me chamou de criança - até falou em eu dormir de chupeta. Estava de nervos, a minha Shidua. E disse até mais, que eu não conto.

Acho que foi pensar, mas eu não sei em que quês nem os porquês. De coração tremelicando, eu segui-a, melhor, persegui-a, e ela nem me anotou, felicidade minha, tão turbulenta ela ia.

Estou a vê-la, secretamente, por detrás desta gigante palma e de seu encorpado tronco, Shidua sentada num braço de raiz do imbondeiro. Ela ri. Acho que ela ri, também, de me gozar, aquela feiticeira.

(continua)

Ruindades 

009. Porque é que a secção de Media do "Público" não publicou informações sobre a confessada mentira do jornalista da BBC no caso Kelly?

010. Esteve alguém de Portugal no Congresso Mundial de Parques, que reuniu 170 países?

Teatros 

A comunicação social portuguesa omite o Brasil do dia a dia. E a verdade é que aquele país, maior que toda a actual UE, é muito importante para nós, do ponto de vista económico, político, social e cultural. Sem esquecer que aqui residem e trabalham muitos milhares de brazucas que certamente gostariam de ver, ler e ouvir notícias do lado de lá, pelo menos na sua qualidade de alvos da publicidade que aguenta as rádios, tv's e jornais.

Fica aqui uma notícia e uma opinião.

Notícia: no orçamento para 2004, o governo de Lula não reserva dinheiro para o aumento do salário mínimo, actualmente em 240 reais (73 euros).

Opinião, na forma de pergunta. O que é socialmente mais justo: os teatros da "Fome 0" e da "Farmácia Popular" ou um pouco mais de dinheiro para o imenso povão?

Exemplo 

Está a crescer por aí a ideia de que o "exemplo" espanhol é o que deve ser seguido por Portugal para o "desenvolvimento económico". O "exemplo" da Irlanda foi posto de lado.

Pior: já se diz, em apelo ao que denominam de "mobilização" para "sermos como os melhores", que devemos não só igualar Espanha como sobretudo ultrapassá-la.

Ou seja: há quem diga que quer fazer - e que nós nos devemos mobilizar para o efeito - em meia dúzia de anos o que nunca foi possível fazer desde a fundação da Nacionalidade.

Problema para tais "estrategas" é que o povo não é estúpido; a gente sabe que eles estão nús num deserto de ideias. E mandamos esses iluminados - alguns inocentes e sem maldade - para o aterro do nosso desinteresse.

Pois não é evidente que a distância a que estamos de Espanha não pode ser medida em kms, mas em léguas, muitas léguas? Fiquemos por um exemplo básico: a pedra. E, século a século, comparem os nossos desmobilizadores os feitos de Espanha com os feitos de Portugal: catedrais, todo o tipo de monumentos, a arquitectura, palácios, zonas históricas de pequenas, médias e grandes cidades.

Depois, calem-se.

Shidua - 2 

(continuação)

Dito de amor: simpatizo com Shidua, gosto de Shidua, adoro Shidua, amo Shidua. Minha pretíndia. Seu branquelas.

Problema é que não sei se ela existe, com nome tão lindo de meu baptismo, com seu nariz porrete - arrebitado, segundo alguns, nalguns momentos - com suas pregas nas celulites, com seus seios artefeitos, com farto pêlo nos sovacos, com suave penugem nos interiores, com dedões e deditos de pé coloridos a marfim quase transparente, com joelhos de morrer, coxas de adivinhação e bunda de formato de coração, com voz inaudível de tão quente e convincente.

Te pergunto, imaginada: tu me quer?

(continua)

quarta-feira, setembro 17, 2003

Ruindades 

007. Jorge Sampaio, nosso PR, é vacuidade, mais uma vez evidenciada na Turquia. E como será o próximo?

008. Jornalismo é uma profissão culturalmente modesta. Porque produz tantos especialistas?

Improdutivos 

Está a falar-se muito de "produtividade" na economia portuguesa, encomendam-se relatórios, organizam-se reuniões, fazem-se discursos. Parece que é preciso aumentar a tal "produtividade".

E até surge a ideia de que a "informalidade" (palavra que agora significa escapadela aos impostos) é a principal causa da sublinhada falta da tal "produtividade".

Pois anotem: o povo não é burro e desconfia que tais lérias sobre a tal "produtividade" não passam de tretas para aumentar a receita fiscal, isto é para - entre outras minudências - haver mais dinheiro para o "Estado" esbanjar.

Ou não é verdade que o "Estado" é o maior dos improdutivos? Isto é: se dividirmos a "despesa" em custos administrativos e investimento não dá 80% para eles e 20% para este?

Voltarei à "produtividade" sem "economistas".

Shidua - 1 

Shidua é uma feiticeira e ela falou, um dia, assim, no seu jeito:

"Tenha esta certeza: Nos primeiros segundos do dia 12 estarei pensando em vc e fazendo uma retrospectiva do que nos tem acontecido.
"O farei pelo prazer de sentir vc mais próximo de mim.

"Antecipadamente, preciso antes de tudo agradecer a vc por tudo que tem me proporcionado , inclusive os sentimentos mais difíceis de lidar , porque com eles conheci emoções nunca vividas, e amadureci. Exemplo : perseverança e paciência .
"Tenho também conhecido prazeres que não foi a a experiência física que os promoveram . mas a sua capacidade de me transmitir a grandeza masculina que vc tem.
"Não vou falar mais pela falta de tempo e a necessidade de conter o choro , que caso não o faça, terei que esclarecê-lo daqui a alguns minutos a quem não interessa saber.

"Obrigada, sinceramente, por tudo. Tudo mesmo. Nada de nossa experiência será um dia esquecido ou diminuído a importância que hoje tem.

"Eu te amo"


(continua)

terça-feira, setembro 16, 2003

Ruindades 

004. Teatro filmado, ou cinema puro, num palco? Leia aqui e aqui e decida. E outro tema: telenovela é teatro em vários capítulos, só telenovela, ou cinema em vários filmes?

005. A "economia paralela" foi considerada pelo ministro da "outra" como um dos principais obstáculos ao desenvolvimento da economia portuguesa. Mas... e se a "paralela" não existisse? Como sobreviveriam inúmeras famílias, aquelas que comem do que conseguem salvar dos impostos e aquelas que comem dos salvados dos mesmos?

006. José Pacheco Pereira faz um blog "abrupto"; José Magalhães devia fazer um blog "absurdo". JPP vai para a SIC aos domingos à noite (ainda não sei como ouvir Marcelo Rebelo de Sousa na TVI no mesmo dia e à mesma hora) e JM parece estar em saldo e sem comprador. Condolências.
Acho que ninguém está a querer o absurdo JM porque ele ficou sem o abrupto JPP: JM precisava de JPP para existir.

Degraus 

No meio da barulheira, nos últimos dias, dos debates sobre Ensino, Educação, regressso às aulas:

1. infantil
- professores considerarem-se "companheiros", "confidentes", dos alunos
- os alunos serem olhados como "príncipes" (principais) das escolas
- alunos a opinar "professoralmente" nas rádios, jornais e tv's

2. básico
- os professores serem obrigados, anualmente, a cursos de actualização e a fazerem exames
- os alunos indisciplinados e os bi-repetentes serem afastados das escolas públicas
- haver exames em cada disciplina nos três primeiros trimestres e um final no último
- em todas as aulas haver exercícios, pontos, avaliações ou o que se lhe quiser chamar

3. secundário
- reações de professores
- berraria de alunos

4. superior
- os alunos não poderem aceder à carreira de professor sem uma "nota de acesso" próxima dos 18
- os professores com menos de 18 nos exames de actualização serem afastados da carreira
- toda a gente entender que uma chapada de professor no aluno, no momento certo e sem hesitações, não é um "castigo físico"

(Daqui a pouco tempo será mais ou menos assim: cada cidadão estuda 30 anos, trabalha outros 30 e descansa igual número. Para que seja útil nos segundos e mereça os terceiros, temos de o forçar a muito nos primeiros)

segunda-feira, setembro 15, 2003

Sem critérios 

1. O líder do grupo militar que tirou o insano e truão Kumba Ialá da presidência da Guiné-Bissau deu ao enviado da RTP uma entrevista na qual, entre outras informações, listou 4 ou 5 razões para explicar a acção.

2. A entrevista foi a primeira depois do golpe de Estado, a única até agora e exclusiva. Veríssimo Correia Seabra foi curto e incisivo: os 4 ou 5 argumentos terão demorado cerca de 1 minuto a dizer.

3. Era suposto ser claro e transparente que tal documento é um dos da maior importância para se compreender o que aconteceu e para cada cidadão fazer, livremente, o seu próprio juízo sobre o acontecido.

4. Mas não foi. No dia seguinte (hoje) nenhum diário publicou as justificações de Correia Seabra na íntegra e sequencialmente. Lê-se apenas que ele disse "isto e aquilo", sendo que o "isto e aquilo" são simplesmente 1 ou 2 dos 4 ou 5 argumentos do militar.

5. Mas ontem à noite foi pior: no jornal da RTP2 também só deixaram Seabra referir 2 razões para o golpe. Acontece que a estação tinha o exclusivo das palavras, as imagens e o som completos.

6. São os critérios "jornalísticos" e o tratamento "jornalístico". Isto é: há 4 ou 5 razões para derrubar um presidente eleito e os "jornalistas" reduzem-nas a 1 ou 2. Ou seja: os "jornalistas" são objectivamente mentirosos. Iludem-nos. E o perigo aumenta... porque na esmagadora maioria dos casos o fazem sem intenção.

7. Esperançado, fui ao www.rtp.pt procurar as palavras completas do chefe guineense. Saí frustado; a RTP não colocou lá a sua cacha, a entrevista exclusiva. Outra vez critérios "jornalísticos".

8. É urgente uma estação sem critérios. Uma estação em que sejamos livres. Uma estação em que possamos ver e ouvir alguém sem que outro alguém nos diga o que fulano e cicrano disseram, ou - o que é pior - o que estão a dizer.
Será que nunca surgirá alguém que nos difusores de tv por cabo faça um canal que transmita, na íntegra e sem mediadores, as intervenções dos protagonistas que temos? Bush, Powell, Sharon, Sadam, Arafat, Bin Laden, Blair, Solana, Annan, Putin, Durão, Portas, Ferro, Carvalhas, Lula, Seabra, dos Santos, Chissano, cientistas, músicos, pintores, estilistas, arquitectos, desportistas, cineastas, etc, etc...

domingo, setembro 14, 2003

Golpes & asneiradas 

1. Em 1998, o golpe de Estado na Guiné-Bissau contra o presidente Nino Vieira teve, logo nas primeiras horas, o apoio - primeiro envergonhado e depois sorridente - do ministro portugês dos Estrangeiros, Jaime Gama. Foi até fornecido ao líder dos revoltosos, por Portugal, o famoso telefone por satélite que lhe permitiu sair do isolamento, assim transformando o objecto na principal arma que determinou a vitória golpista. É preciso recordar que Nino Vieira tinha sido eleito, tinha vencido democraticamente eleições presidenciais justas e que os argumentos contra ele eram simples palavras alinhadas, como ficou claramente demonstrado nos anos seguintes. Foi a primeira asneirada portuguesa.

2. Hoje outro golpe militar derrubou o presidente Kumba Ialá. Tranquilo. Sem ter sido disparado um tiro, sem o mais leve sinal de desordem nas ruas, sem se ouvir um único protesto de um único apoiante do homem do barrete vermelho. Isto é, confirmando o que povo, políticos e observadores sabiam: alguém tinha de pôr fim ao descalabro económico e social, mais tarde ou mais cedo, e antes das eleições (12 de Outubro) que se adivinhavam fraudulentas. E que fez, logo nas primeiras horas, o actual ministro português dos Estrangeiros, Martins da Cruz? Condenou a acção militar e apelou aos responsáveis pelo golpe "para reporem de imediato a legalidade constitucional". Mas... há mais de um ano que Kumba Ialá se recusava a promulgar a Constituição que o Parlamento guineense tinha democraticamente aprovado!!! Foi a segunda asneirada portuguesa.

3. Aqui ficam 3 provérbios em crioulo guineense para evitar uma terceira:

- boka ficadu ka ta i entra moska (em boca fechada não entram moscas)

- firmiga ka ta janti, ma i ta ciga (a formiga não toma a dianteira, mas ela chega)

- tartaruga kuma kil ki na bin, sinta bu pera (a tartaruga diz: sente-se e espere o que virá)

(tem informação no Notícias Lusófonas onde pode também recordar um relatório de Kofi Annan ONU sobre a situação no país)

Sem vergonha 

Conheça aqui a espantosa máquina de propaganda que Lula está a montar no Brasil. Sem vergonha e com o dinheiro do povo.

(nota: o real vale cerca de 30 cêntimos)

Tristes 

Pode ler esta informação "Portugal é o único país da União Europeia (UE) em que o Produto Interno Bruto (PIB) ou capacidade de gerar riqueza desce há quatro trimestres consecutivos"

e outras igualmente tristes aqui

Mão criminosa 

Depois de horas de imagens sobre "a segunda vaga" de incêndios, depois de muitas e excitadas palavras de jovens repórteres e depois de tantos e tão compenetrados "pivots", ainda não há informação objectiva sobre muitas coisas. Seleciono duas: quantos hectares arderam na Tapada Nacional de Mafra? o fogo foi pior do que o de 1981, que provocou o encerramento do parque até 1989?

A Tapada Nacional de Mafra (Real, antes da República) foi criada a partir de 1730, no reinado de D. João V; tem 1187 hectares resguardados por um muro de 21 km; na impressionante mata habitam veados, gamos, javalis, lobos, raposas, águias, etc. É um verdadeiro monumento nacional, aliás aberto diariamente ao público. Primeira razão a obrigar a rigor informativo.
Acresce que dezenas de milhares de portugueses a conheceram, melhor ou pior, nos últimos 50 anos, quando das suas recrutas na Escola Prática de Infantaria. Faz parte da memória de uma multidão de telespectadores. Segunda razão a obrigar a rigor informativo.

Mas há uma segunda vaga de questões: há vigilantes contra incêndios na Tapada? em pontos fixos, a pé, a cavalo, de mota? há água de fácil acesso? em lagoas, em bocas? que foi feito, ali e em concreto, para prevenir os fogos depois da tragédia de 1981? a mata, toda ela murada, é regularmente limpa? há câmaras de vigilância ao longo do muro? que mão criminosa não protegeu este nosso património?

sábado, setembro 13, 2003

Islamismo 

Para se entender melhor o monumental sarilho em que estamos metidos, porque estamos em guerra contra o terrorismo e porque esta guerra vai durar muito (se algum dia terminar):

1. entrevista a André Glucksmann Islamismo 1
2. L'islamisme ou le refus de... l'hindouisme Islamismo 2
3. Généalogie d'un nouveau totalitarisme Islamismo 3

do Último Mundo 

Eu vi. Não me contaram. (juro que se me tivessem contado não teria acreditado)

Terminou há minutos o principal telejornal da TVI... sem ter transmitido uma única notícia da actualidade internacional. Nem uma em quase uma hora. Uma única! Uma!!!

Ou seja: para a TVI nada aconteceu hoje no Mundo, em Israel, no Iraque, em Cancum, nos Estados Unidos, na Suiça, no Afeganistão, em Inglaterra, na Suécia, na Rússia, no Brasil, na Argentina, em África, na ONU e por aí fora... que o seu público da noite "merecesse" saber. Nada.

É triste. A TVI omitiu, a TVI ofendeu, a TVI enganou, a TVI foi ridícula, a TVI foi incompetente. A TVI não foi uma estação do Terceiro Mundo; a TVI foi uma estação do Último Mundo.

Ruindades 

001. Ontem à noite, cerca das 23h30 de Lisboa, na TV5 esteve Cabo Verde. Há quantas semanas a televisão pública portuguesa não dá notícias sobre aquele país, sobre a Guiné Bissau, sobre Angola, sobre Moçambique? Informação diária sobre os PALOP's não é serviço público? Nada de relevante tem acontecido naqueles espaços? Critérios "jornalísticos"? Então porque não mudar de "jornalistas"? Não é verdade que mudariam os "critérios"?

002. A espalhafatosa, desastrada e humilhante derrota dos advogados (menos um) dos arguidos do processo de pedofilia da Casa Pia - no caso do fracassado pedido de substituição do juiz Rui Teixeira por alegada parcialidade - não dá a ideia de que os detidos preventivamente, além de detidos estão mal defendidos ou não têm defesa?

003. O primeiro director da então tv por cabo "NTV - Ninguém Te Vê" esteve ontem no jornal da RT2, na qualidade de auto-intitulado "analista político", e atirou sobre nós, entre outros do mesmo calibre, os seguintes ditos:
a) sobre os incêndios - "a imagem não tem cheiro"
b) sobre a decisão do Conselho Superior de Magistratura a confirmar Rui Teixeira no processo Casa Pia - "ainda bem que não foi por unanimidade".
Pergunta-se: será que não há unanimidade entre os telespectadores quanto ao mau cheiro deste homem?

Negociata imoral 

Do correspondente em Paris do jornal "Estado de S. Paulo", G Lapouge:

PARIS - O coronel Muamar Kadafi respira aliviado. A ONU levantou as sanções contra a Líbia, por causa das explosões de um avião americano e outro francês no fim dos anos 80. Foram medidas duras, que incluíram embargo aéreo e militar, redução de pessoal nas embaixadas, congelamento de posses financeiras no exterior, etc. Agora, o país vai poder retomar seu crescimento e utilizar plenamente suas fabulosas reservas de petróleo.

Como Kadafi conseguiu isso? Simples, ele pagou. A Líbia deu US$ 2,7 bilhões para os americanos, ou seja, US$ 10 milhões para cada família. Para as 170 vítimas francesas, foram destinados US$ 35 milhões, o que representa cerca de US$ 200 mil para cada família. Cálculo curioso, esse. Um avião francês vale três vezes mais do que um só passageiro americano.

A França protestou e se recusou a levantar as sanções. Kadafi se dobrou e reviu o preço dos cadáveres franceses, sem se aproximar muito da cotação dos cadáveres americanos e ingleses. Enfim, o coronel líbio deu provas de boa vontade. Portanto, os franceses, a exemplo dos americanos, se abstiveram de votar, favorecento a aprovação da retirada das sanções.

Os jornais falaram muito sobre essa negociação - uma negociata das mais imorais vistas atualmente. Poderia dizer-se muito bem que as quatro capitais, Washington, Londres, Paris e Trípoli, administraram uma bela, saudável e sutil lição de "realpolitik". Mas não, é uma situação abjeta.

No dia em que os dois aviões explodiram, o chefe de Estado líbio era Kadafi.

Os assassinos foram os altos dignitários do regime, entre os quais estava um parente próximo do coronel líbio. O crime de Estado estava claro. De resto, ao indenizar as vítimas, ele proclamou sua culpa.

Ironias 

Lê-se na imprensa brasileira de hoje:

"FEIRA DE SANTANA – Na terra de adversários históricos do PT e com vários deles ao lado ou na platéia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ironias, ontem, com as posições assumidas por economistas que criticam o governo. “No Brasil é assim: um economista quando está na oposição tem todas as soluções para os problemas. Quando assume o governo, já não tem tantas. E os que estavam (no governo), que não tinham (soluções), quando saem voltam a ter solução para tudo”, disse Lula. “Mas deputado também é assim.”

Pois é. Com Lula passou-se o mesmo ontem e passar-se-á o mesmo amanhã. Cândida e irresponsavelmente. E a "coisa" não é só lá.

sexta-feira, setembro 12, 2003

Bíblia & Política 

O cardeal Jean- Marie Lustigier, arcebispo de Paris, publica hoje no Figaro as suas reflexões sobre a Europa, o alargamento, a constituição, antecedentes, o caso da Turquia, etc. É chocante constatar que hoje ainda há pessoas que misturam na argumentação, tão tranquila e candidamente, a Bíblia com a Política. Como se de Ciência se tratasse.

Aeroporto da Madeira 

Ontem morreram 9 espanhóis no acidente de aviação na Madeira. Aqui pode ler comentários de um responsável do Colegio Oficial de Pilotos do país vizinho sobre as condições de segurança do aeroporto do Funchal.

Metrópoles 

Começa no domingo a 5ª Bienal Internacional de Arquitectura de São Paulo, no Brasil. O tema geral é "Metrópoles". Para os interessados, pormenores em Metrópoles 1, Metrópoles 2 e Metrópoles 3.

Teologia 

Os padres católicos já podem consagrar e tomar vinho sem álcool nas missas. (veja aqui)

Vinho sem álcool é "vinho transgénico" ou "geneticamente modificado".
Assim sendo, pergunta-se a teólogos e estudantes de teologia: este vinho pode ser consagrado? se sim, depois de consagrado também é sangue de Cristo? é possível Cristo ter sangue transgénico? quais os argumentos para o sim ou para o não? ou é mistério divino?

Desculpem a (im)pertinência das questões.

Polícia religiosa 

O "Comité para a Propaganda da Virtude e Prevenção do Vício", a polícia religiosa da Arábia Saudita, declarou a boneca Barbie uma "ameaça à moralidade", "ofensa ao Islão" e coisas do género... Se duvida, vá aqui. Pobres de espírito! (bem, aqui deste lado, nos domínios de Roma, dos pobres de espírito diz-se que "deles é o reino dos céus"... ou já não?)

Cancioneiro 

Do sertão, das entranhas do Brasil, de autor desconhecido, esta flor de cacto:


Tô cum a duença do amô.
É uma virose danada
Com uma febre lascada
Que me deixa abafado
Sem sabê se é uma dô...

Dá um frio nas espinha
Dá uma farta de ar
Dá uns gostoso na idéia
Dá um tremô nos oiá
Dá tudo que tem que dá...

Bicha danada de bão
Que me faz enlouquecê
Dá vontade de gritá
Dá também de se abraçá
Dá tudo que tem que dá...

Dá beijos de se fartá
Dá cheiro de agonia
Dá piscadelas no oiá
Que só farta me matá
Cum esfregas de arripiá
Dá tudo que tem que dá...

Dá uns fungado na nuca
Que me deixa na sinuca
Querendo me aliviá
Dá um suado no peito
Dá uma crença na idéia
Dá tudo que tem que dá...

Que indecença danada
Que tô aqui pra contá
Num há remedio que tome
Pra podê me acarmá
Querendo me aliviá
Dessa duença fatá
Que tudo tem pra me dá...

Num quero mais me curá
Nem remédio vô tomá
Nem quero desabafá
Quero vivê com a agonia
Que só o amô pode dá...

Suicidas 

Muitas pessoas ainda têm dúvidas. Eles não são jovens livres e idealistas; são mortíferas armas de guerra, bombas de alta precisão, deliberadamente fabricados para matar. Fabricados, produtos de uma linha de montagem. Instrumentos para usar só uma vez.
São seres humanos não livres; retiraram-lhes a faculdade de pensar, de decidir e de querer livremente; foram feitos para obedecer sem questionar; nos seus cérebros foi intencionalmente introduzido o ideal de "martírio". Uma aberração.
Tecnicamente, estão preparados para serem eficazmente utilizados contra israelitas, americanos... ou até seus próprios "irmãos" árabes. É assim: a hierarquia decide onde e quando atacar, destaca friamente um jovem e manda-o matar-se contra o alvo. Sem mais.
E o suicida lá vai, coitado, de olhos fechados pela fé. (pois: criminosos e seus mandantes, todos eles protegem com a religião as suas - chamemos-lhe assim - consciências)

quinta-feira, setembro 11, 2003

11 de Novembro de 2001 

A ilha existe, não é um sonho: está na latitude 11º 20' 60N, longitude 15º 46' 0W e, já agora, a altitude é de 0 (zero) metros.
Tem cerca de 3 km2, toda ela lembra as ilhas-paraíso do nosso imaginário... e é desabitada.
Pois é de Anagarú que a partir de hoje me imagino a observar o Universo, a registar ideias e factos, a admirar génios e a chatear-me com patetas... dois anos após a acção de terrorismo apocalíptico de 11 de Setembro de 2001 nos Estados Unidos.
Só para lembrar aos distraídos: nesse dia, mais de 3 mil pessoas foram massacradas em menos de 30 minutos.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?